Tenebre

Tenebre (Itália, 1982)

Diret Dario Argento

Com John Saxon, Tony Franciosa, Giuliano Gemma, Daria Nicolodi.

O branco e o vermelho. Suspense que sintetiza elementos estéticos e narrativos do cinema do diretor. Tony Franciosa é um escritor de romances criminais em campanha de divulgação de seu mais recente livro. A campanha coincide com mortes de pessoas próximas a ele de forma exata como os crimes são descritos em seus livros. Alguns consideram Tenebre como o filme definitivo de Dario Argento na releitura das convenções do suspense e de seu próprio cinema.

O filme reutiliza marcos visuais de seus outros filmes, como corpos atravessando vidro de janelas, mulher na chuva, cortinas, flashbacks de revelação. E além do mistério da trama o filme propõe um surpreendente enigma técnico/estético com pontos de vista alheios ao filme! Em uma sequência que antecede um crime a câmera, observando em uma janela, circula a casa por cima do telhado! Como pode isso?! É algum POV de lagartixa? O máximo de ousadia na leitura labiríntica é o assassino que parece oculto em algum lugar "fora do enquadramento" em diversos momentos e especialmente no cerco final! Como assim?! O assassino se escondeu atrás da câmera?! Impossível apreender o filme por vias racionais ou pelo jogo lógico da narrativa tradicional do cinema. 

Se em Suspiria o delírio cênico de Argento estava a serviço de uma história sobrenatural, em Tenebre os artifícios técnicos são ainda mais desconcertantes por servirem a uma trama que deveria se explicar racionalmente, na tradição das histórias de detetive.

Tenebre é um dos trabalhos mais elegantes e refinados visualmente de Argento. Com um paleta de cores reduzida a tons claros e vermelho intenso. A parede pintada pelo jato de sangue de um braço decepado é uma cena ícone do horror moderno. E tem um dos elencos mais interessantes já reunidos em um de seus filmes. Como em The Shinning, Tenebre evita o clichê sombrio e ilumina as cenas em um horror estético pleno e declarado. 

Black Phillip já sabia 😈😈😈😈😈