Enter the Void (França, Alemanha, Itália, Canada, 2009)
Diret Gaspar NoéCom Paz de La Huerta, Nathaniel Brown, Olly Alexander.
Viagem sem volta? Ambientado no Japão moderno, este é um drama inclassificável e emocionalmente extenuante. Oscar é um jovem envolvido com consumo e venda de drogas em Tókio. Levado a uma cilada ele é morto pela polícia. Peraí! Spoiler? Contei o final! Nada, esse é o começo: depois de morto, o filme trata do tempo que o espírito do rapaz vaga sem rumo definido pelos ambientes e acontecimentos a ele relacionados.
No submundo de Tóquio, Oscar acompanha a vida desregrada dos amigos, a prostituição da irmã e sua gravidez involuntária, o drama familiar vivido pelo amigo que o traíra. E o espírito vaga sem poder (ou querer) se desconectar. Campos de energia, como luzes acesas, servem de transporte temporal e ele visita fatos traumáticos de sua vida, como a perda dos pais em um acidente, e a separação da irmã.
Enter the Void é a agonia em forma de filme. Experimental, ousado e tecnicamente brilhante. Todo fotografado com câmera suspensa sobre os ambientes, POV do personagem, POV espiritual. Duas horas e meia de câmera subjetiva em um roteiro que trata da inutilidade da existência em um mundo governado por vícios e taras pode ser demais para o espectador. Afinal queremos justamente escapar desse void. Mas é justamente por isso que Enter the Void nos fascina, aprisiona e aterroriza em sua impiedosa narrativa. Finalmente temos um filme que trata a espiritualidade sem sermão e sem conveniências. A existência pode ser algo fascinante e multicor como as viagens de ácido ou as fachadas da metrópole, mas também pode ser tão inútil e ilusório quanto... Tem Enter, mas não tem Ctrl-Z. Enigmático, genial, inesquecível, traumático. Mas para ser visto uma vez só. Black Phillip ficou assustado!
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