Seconds (EUA, 1966)
Diret John FrankenheimerCom Rock Hudson, John Randolph, Jeff Corey, Will Geer, Murray Hamilton, Salome Jens.
Agora vai! Drama fantástico em um filme aflitivo entre os mais ambiciosos do diretor John Frankenheimer. Depois de um misterioso telefonema de um amigo que julgava morto, o cinquentão Arthur Hamilton tem a chance de passar por um processo de troca de identidade e viver outra vida. Mas nem tudo corre como planejado pela companhia que ofereceu o serviço. Seconds é um daqueles casos de filme que ficou com um resultado tão estranho e tão incômodo que acabou esquecido e pouco citado.
Difícil rotulá-lo como drama, ficção-científica ou suspense. E toca em questões difíceis como motivações essenciais à vida e a razão da existência. De que adianta ter uma segunda chance se sua essência permanece a mesma de antes? O que a nova vida ofereceria que a anterior já não havia oferecido? Todas as circunstâncias ao redor de Arthur são transformadas a seu favor e ainda assim ele está insatisfeito, indeciso e preso a questões passadas que deveria ter esquecido na nova condição.
Baseado no romance de David Ely a história ganha muito mais na forma de narrativa visual do que tivera na forma literária (pelo menos dessa vez a "segunda chance" funcionou). O roteiro acrescenta situações como os festejos campestres de produção de vinho e o interesse romântico com Nora. Tecnicamente é excelente, com uma fotografia preto-e-branco espetacular que leva o filme ao limite do pesadelo, especialmente no primeiro terço. As distorções de lente servem muito a esse fim assim como os incômodos e constantes closes. Da mesma forma, os ambientes cirúrgicos ou a praia deserta conferem uma atmosfera onírica de desespero. Ângulos e movimentos de câmera também acentuam muito o clima de deslocamento, como visto logo na sequência de abertura na estação.
Rock Hudson é perfeito para o papel justamente por sua fragilidade de atuação e expressão. A trilha sonora de Jerry Goldsmith também acrescenta muito ao aspecto depressivo da obra especialmente na sequência de cirurgia com o toque ligeiramente fúnebre de órgão.
Dirigido por Frankenheimer em seu melhor período, depois de Sete Dias de Maio e O Trem. Seu filme seguinte seria o famoso Grand Prix. Inicialmente o filme teve problemas de rejeição em festivais, mas construiu sua fama com os anos, como um respeitável cult movie.
• O designer Saul Bass criou os créditos de abertura e os closes faciais distorcidos seriam reutilizados por ele na abertura de Cabo do Medo de Scorsese.
• O diretor Gaspar Noé tem especial apreço pelo filme e já mencionou interesse em refilmá-lo.
• O designer Saul Bass criou os créditos de abertura e os closes faciais distorcidos seriam reutilizados por ele na abertura de Cabo do Medo de Scorsese.
• O diretor Gaspar Noé tem especial apreço pelo filme e já mencionou interesse em refilmá-lo.
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