White of the Eye (EUA, 1987)
Diret Donald CammellCom David Keith, Kathy Moriarty, Alan Rosenberg, Art Evans.
É catarata?! O título brazuca é um daqueles equívoco hilários. "O branco do olho" do título original se refere à proximidade do perigo: o inimigo está tão perto que dá pra ver o branco do seu olho! O primeiro crime acentua bem essa ideia com a mulher não identificada voltando para casa e o close do olho arregalado na expectativa pelo crime. A montagem intercalada de objetos da casa, ações corriqueira da mulher e o olho, cria um suspense high tech com cara de vídeo arte! White of the Eye é certamente um dos filmes mais decentes feitos na estética horrível dos anos 80, dos jaquetões, jeans apertadinhos, mullets, casas high tech, mas curiosamente não fosse o talento cult do diretor, seria apenas uma excentricidade com influência da vídeo arte e clipes musicais.
Então o que temos é um suspense de serial killer atacando pessoas ricas em seus casarões sofisticados e isolados em áreas montanhosas. Enquanto isso David Keith é um técnico de som com especial predileção por equipamentos hi-fi retrô que começa a ser investigado pelos detetives encarregados no caso.
Então o que temos é um suspense de serial killer atacando pessoas ricas em seus casarões sofisticados e isolados em áreas montanhosas. Enquanto isso David Keith é um técnico de som com especial predileção por equipamentos hi-fi retrô que começa a ser investigado pelos detetives encarregados no caso.
Com essa premissa minimalista, o filme se lança à estilização e buscas estéticas labirínticas na qual a imagem e símbolos têm função predominante. Cammell não quer dinâmica de ação, não busca suspense na forma tradicional, seu terreno é o da estética. Para onde a sucessão de imagens leva a percepção é o que importa. Até mesmo a trama de fidelidade entre David e Kathy Moriarty parece secundária e imersa na estilização visual de cada sequência. E a trajetória do filme vai alternando a cultura tecnológica ao naturalismo, o design e a natureza, a assepsia chiquérrima ao cenário do deserto. E vai desconstruindo até a explosão!
O problema maior do filme é o protagonista David Keith, um bom coadjuvante (Brubaker, Chamas da Vingança), mas um ator sem o pique necessário pra segurar um filme como protagonista. Especialmente um filme como este. Repleto de símbolos e leituras, é uma obra enigmática (como é hábito nos filmes de Cammel) que desqualifica sua era. A "encruzilhada anos 80" passa aqui por uma cruel revisão. O mundo evoluiu mais rápido do que a cultura do cowboy.
• Melhor morte: o aflitivo afogamento na banheira!
• A música techno-experimental é de Nick Mason!
• As dinamites no corpo podem ser citação a Pierrot Le Fou.
• Donald Cammel constituiu curiosa carreira bissexta em trabalhos incomuns. Iniciou com Performance (1970, codirigido por Nicolas Roeg), fez o ficção-terror Geração de Proteus (1977) e fez Wild Side (1994) oculto por pseudônimo. Nos intervalos, dirigiu clipes e documentários para o grupo U2.
Expectativa 😈😈😈 Realidade 😈😈
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