8 de junho de 2018

O Diabólico Vampiro de Dusseldorf

Le Vampire de Dusseldorf (FRA, 1965)

Diret Robert Hossein
Com R. Hossein, Marie-France Pisier, Roger Dutoit, Annie Anderson.

O Diabólico Vampiro de Dusseldorf

O killer certo! Baseado no caso real do assassino Peter Kuerten, o filme de Robert Hossein é mais fiel aos fatos históricos do que o clássico M de Fritz Lang, que supostamente se baseou nas ações do  mesmo maníaco (Lang nega a relação). O ator e diretor Hossein é Peter Kurten, misterioso e recluso que assassina mulheres na Berlim dos anos 30. Sua paixão pela cantora Anna o leva todas as noites ao mesmo cabaré onde ela se apresenta. Sua adoração o leva a uma relação submissa com a cantora a ponto de ele se submeter à vontades corriqueiras dela a até se deixar maquiar ridiculamente como em uma brincadeira de criança. Anna supõe estar tratando com um admirador e nem sequer desconfia de que outras mulheres com as quais Peter se envolve têm fim violento pelos becos decadentes da Berlin pré-nazista.

Hossein constitui o filme como um painel sócio-politico de desesperança. Um grande drama no período de crise econômica e ascensão do nazismo. Peter é um carvoeiro em instabilidade de emprego e que não se deixa convencer por ofertas partidárias e transições políticas, mas em paralelo aos processos de sua época, encontra realização na destruição e violência. Entrando ou saindo de cena como uma sombra e sempre alienado de grupos, sua redenção é a admiração por Anna. Finalmente compreende que a única forma de retirá-la de seu ambiente é incendiando o local! O domínio pela destruição!

Sutilmente político. Impecável em sua estética clássica, rigoroso e formal em seus quadros, iluminação e montagem, o filme não pretende atenuar ou ser sugestivo e tem suas ousadias estéticas nas cenas de crime em takes contínuos, sem atenuação de montagem. Hossein domina o filme estando presente em praticamente todas as cenas compondo um trabalho de obstinação e rigor invejáveis. Suspense exemplar em sua forma clássica, admirável nos mínimos detalhes.


• Aula de composição visual: Kuerten sempre se destaca na multidão do cabaré por alguma linha de composição que conduz à sua figura.
• Sintomas de época: Kuerten ignora um grupo nazista que destrói uma vitrine de livraria.
• Breve momento de socialização: tocando gaita (sem ser notado) junto a um grupo de moradores de rua.
• Surpresa: o primeiro crime (com conotação sexual) na rua deserta.

Expectativa 😈😈😈     Realidade 😈😈😈😈


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