Thrillers ingleses marcaram época em um período em que a produção européia equivalia em quantidade e qualidade ao produto americano. Com o impulso produtivo do chamado "novo cinema inglês" de meados dos anos 50, com temáticas populares e dramas da classe proletária como A Taste of Honey ou Saturday Night and Sunday Morning, a industria foi experimentando seus gêneros próprios entre as aventuras colonialistas, os góticos e os dramas criminais estrelados por Stanley Baker. Entre eles destacou-se o gênero suspense, que vinha alcançando grande sucesso pelas produções dos estúdios Hammer.
Derivados dos filmes de espionagem no pós-guerra (Carol Reed) e do noir, os thrillers encontraram sua forma própria nos anos 60. Alguns exploraram variantes psicológicas como Joseph Losey nos ambiciosos suspense-dramáticos The Servant ou Secret Cerimony ou tentaram o limite entre drama e sobrenatural como no incomum The Whisperers de Bryan Forbes.
A maioria foi seguindo a linha popular já testada com sucesso pela Hammer. A receptividade pelo publico e a qualidade das produções garantiram a consolidação do suspense inglês por duas décadas até a queda da produtividade na entrada dos 80. Com a retomada digital na produção contemporânea, o suspense inglês voltou a atuar, agora mandando a austeridade às favas e apostando na explicitação, como em Kill List, Eden Lake, Layer Cake ou Harry Brown.
Black Phillip destaca aqui um punhado de 20 filmes da Golden Age do suspense inglês.
Derivados dos filmes de espionagem no pós-guerra (Carol Reed) e do noir, os thrillers encontraram sua forma própria nos anos 60. Alguns exploraram variantes psicológicas como Joseph Losey nos ambiciosos suspense-dramáticos The Servant ou Secret Cerimony ou tentaram o limite entre drama e sobrenatural como no incomum The Whisperers de Bryan Forbes.
A maioria foi seguindo a linha popular já testada com sucesso pela Hammer. A receptividade pelo publico e a qualidade das produções garantiram a consolidação do suspense inglês por duas décadas até a queda da produtividade na entrada dos 80. Com a retomada digital na produção contemporânea, o suspense inglês voltou a atuar, agora mandando a austeridade às favas e apostando na explicitação, como em Kill List, Eden Lake, Layer Cake ou Harry Brown.
Black Phillip destaca aqui um punhado de 20 filmes da Golden Age do suspense inglês.
1961 A Taste of Fear (Grito de Pavor) • Os estúdios Hammer testando alternativas modernas ao seu consagrado modelo gótico. Susan Strasberg é Penny uma cadeirante que depois da morte de sua acompanhante volta a morar com o pai e madrasta em um casarão próximo a costa. O pai está afastado por motivos não totalmente explicados e Penny começa a temer por sua sanidade ao ter visões do pai desaparecido. Christopher Lee é o médico que auxilia nos colapsos da jovem. Suspense discreto mas ainda capaz de surpreender em suas suspeitas e reviravoltas de roteiro. Junto a outros filmes (As Diabólicas, Psicose, William Castle p.ex.) serviu a modernização do gênero ao passar as tramas góticas para ambiente contemporâneo. Título alternativo: Scream of Fear. 😈😈😈
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1963 Paranoiac • Quando a herança de uma rica família entra em disputa, intrigas e mistérios rondam os herdeiros. A fragilizada Eleanor tem visões de Tony, seu irmão suicida, o irascível Simon (Oliver Reed) entrega-se à bebida e a tia responsável pela casa tenta manter o controle sobre todos. Mas quando o desaparecido Tony volta, suspeitas e articulações tomam conta dos irmãos. Suspense convencional na linha das intrigas familiares que é salvo pela direção dinâmica do grande Freddie Francis unindo exemplarmente bem as referências góticas ao ambiente moderno. O afogamento na lagoa é um exemplar apanhado visual de elementos gótico/românticos. Um pequeno clássico da Hammer. 😈😈😈
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1964 Night Must Fall (A Noite Tudo Encobre) • Refilmagem de um suspense homônimo de 1937. Albert Finney repete seu tipo de pobretão proletário do clássico Saturday Night and Sunday Morning (do mesmo diretor Karel Reisz). Com a diferença que aqui ele é pobretão e psicopata! Finney é um empregado de hotel luxuoso que se infiltra na vida de uma senhora rica ao namorar a empregada da casa. Ele sabe ser simpático e prestativo nas necessidades de reforma da casa, sabe bancar o meninão para agradar a velha senhora e sabe ser o macho dominador para se envolver com Olivia, herdeira da velha rica. Mas a polícia descobre um corpo no lago próximo a casa e as desconfianças de Olivia se acentuam. Suspense bastante consistente que só demora um pouco para acontecer, mas acontece! Finney, que sempre pareceu ter um parafuso solto, tem aqui o veículo ideal para suas caretas assustadoras. 😈😈😈
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1967 The Shuttered Room (Herdeiro do Medo) • Susannah (Carol Lynley) volta a sua comunidade natal em uma ilhota isolada. Traumatizada na infância por uma presença misteriosa dentro da moradia, ela visita o local para rever familiares e passar uma temporada no velho moinho onde morou antes da morte dos pais. Seu marido, mais velho e experiente, desdenha as crendices dos populares sobre maldições e o perigo que ronda o velho moinho. Suspense médio baseado em August Derleth que rende muito bem visualmente, mas peca pela previsibilidade e demora a chegar ao que interessa. Salva-se principalmente pelo figuraça Oliver Reed fazendo um dos nativos brutalhões que perseguem Susannah. E tem elementos que antecedem Straw Dogs! Duro mesmo é engolir Gig Young como o maridão atencioso que é bom no karatê! 😈😈
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1967 The Penthouse • Um casal fica refém de uma dupla de marginais no apartamento em que se encontram. Primeiro longa de Peter Collinson em um suspense exemplar e bem adiante de sua época. Veja no post.
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1969 Twisted Nerve • Jovem desajustado muda-se de casa e se envolve com os moradores de uma pensão. Suspense típico de sua época com elenco de caras conhecidas do cinema inglês. Veja no post.
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1970 Fragment of Fear • David Hemmings é um escritor que investiga um crime de um parente próximo por conta própria. Mas começa a ser ameaçado por uma misteriosa organização secreta. Quanto mais ele investiga, mais as ameaças se intensificam a ponto de colocar em risco até mesmo sua cerimônia de casamento! Muita psicologia e pouca ação neste suspense charmoso mas discreto. Uma espécie de Intriga Internacional sem a ação, cujo grande mérito é a captura estética da Inglaterra idealizada de sua era, com trilha pop-jazz e enquadramentos estilosos. Dirigido por Richard Serafian que no ano seguinte faria sua obra-prima Vanishing Point. No elenco, Gayle Hannicut e Adolfo Celi. Curiosamente, o filme antecipa a situação de Profondo Rosso também estrelado por Hemmings. 😈😈😈
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1970 The Man Who Haunted Himself • Roger Moore é um cidadão de bem. Bem casado, bem situado em seu trabalho, cumpridor de regras e deveres, mas um inexplicável surto ao volante, ao fim de um dia de trabalho, provoca um acidente fatal. Roger é atendido, se recupera e retoma atividades, mas uma suposta duplicata sua está antecipando seus passos e interferindo em sua vida pessoal e profissional! Suspense mediano baseado nas lendas e histórias de doppelganger, como em William Wilson de Poe, O Estudante de Praga e tantos outros. Roger ironiza James Bond em uma frase de diálogo e acabaria ingressando na série 007 logo em seu filme seguinte Live and Let Die. 😈😈
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1971 Revenge • Joan Collins e James Booth acabaram de perder a filha, assassinada por um maníaco. Com a família em crise o patriarca continua os negócios de seu pub até que um amigo revela sobre a liberdade do culpado pela justiça! Por questões técnicas o pedófilo é solto e volta a rondar a escola local. A família então se organiza para tirar o maníaco das ruas. Mas a justiça pelas próprias mãos vai se mostrar bem mais difícil do que parece e enquanto o maníaco fica preso no porão do pub, a família passa por um colapso estrutural. Variação bem curiosa do tema "justiça fora da lei" com perfeição técnica e direção precisa. Título alternativo: Terror From Under the House. 😈😈😈
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1971 And Soon the Darkness • Duas jovens viajam pelo interior da França em suas bicicletas e são ameaçadas por um maníaco. Curioso suspense que inverte a estética claustrofóbica trocando-a pelos espaços abertos. Veja no post.
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1971 Fright • Susan George é uma babá que atende um serviço para ficar da madrugada em um casarão. Mas um maníaco espreita nos arredores e vai confundi-la com sua ex-esposa. Sucesso do suspense inglês e auge da atriz. Veja no post.
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1971 Assault • Maníaco ataca jovens estudantes no bosque próximo à escola onde as garotas estudam. Suzy Kendall é a professora de arte que vislumbra o assassino entre as folhagens e passa a ser perseguida por ele. Suspense médio, mesmo para o padrão da época. O que mais destoa é a trilha, que faz o filme soar ainda mais fora de época. O que salva o show é a beleza de Suzy Kendall e a então novata Lesley-Anne Down. Teve diversos títulos de distribuição. Saiu em nosso mercado VHS em cópia péssima como Creepers (Terror no Bosque) e todo mundo achou que fosse o Creepers (Phenomena) de Dario Argento. 😈😈
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1972 Fear in the Night (Um Grito Dentro da Noite) • Judy Geeson é uma professora de estado psicológico bastante instável. Recupera-se de um colapso recente e o dedicado marido Ralph Bates a conduz a um internato onde deverá iniciar uma nova fase de vida pessoal e profissional. Mas na nova localidade ela trava contato com o misterioso Michael (Peter Cushing), antigo reitor da instituição e seus delírios de perseguição tornam-se mais intensos. Suspense velha guarda, elegantíssimo, discretíssimo e lentíssimo. Mas sua força é justamente a condução hipnótica sem nunca perder o interesse. Quase uma peça teatral, sempre com Judy contracenando apenas com um coadjuvante por vez. Joan Collins no elenco. Produção Hammer com roteiro e direção de Jimmy Sangster. 😈😈
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1972 Straight on Till Morning • Rita Tushingham é Brenda, uma jovem suburbana de Liverpool, aspirante a escritora, que busca expandir sua vidinha sem perspectiva e muda-se para Londres. Entre suas histórias fantasiosas de princesas enclausuradas e sua busca por um "príncipe encantado", Rita conhece Peter (Shane Briant), misterioso, morando sozinho e com uma gaveta cheia de dinheiro em casa, herança das diversas vítimas com as quais ele se envolve (e elimina). Mais um notável exercício em claustrofobia de Peter Collinson, aqui explorando demais os closes e relações entre personagens. Apesar da simplicidade e de estar preso aos maneirismos de sua época (montagem estilizada, música jazz-rock, cenografia pop-art), consegue segurar (ou enclausurar) a atenção. Uma pequena fábula macabra. 😈😈
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1972 Endless Night • Hayley Mills e Hywell Bennet (de Family Way e Twisted Nerve) fazem par de novo neste suspense baseado em Agatha Christie. Bennet é um pobretão que trabalha de motorista e tem ambições refinadas em colecionar arte e morar em um chalé à beira mar. Quando conhece Hayley, o romance entre os dois é inevitável. Melhor ainda: ela é herdeira de uma família milionária e Bennet finalmente consegue a tão sonhada mudança de vida quando a jovem insiste em aproximar a relação. Thriller em formato clássico com mais romance do que suspense. Formalmente impecável nos mínimos detalhes e estrutura narrativa. O que pode ser um problema é que guarda todo o suspense e reviravoltas para o epílogo. Britt Ekland no elenco. Música de Bernard Herrmann. 😈😈😈
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1972 Sleuth (Jogo Mortal) • A cereja do bolo do suspense inglês. Milo Tindle (Michael Caine) faz uma visita a mansão de famoso escritor de novelas policiais Andrew Wike (Laurence Olivier) para tratar da separação de sua esposa, atual namorada de Milo. Ambos são entusiastas de jogos, enigmas e charadas e o que se segue é um confronto de intelectos (e disfarçadamente um confronto de classes sociais) pelas dependências do casarão. Inicialmente amigável, o confronto vai tomando aspectos de declarado antagonismo chegando ao limite do perigo físico. Genial roteiro de Anthony Shaffer (adaptado de sua peça teatral) e direção de Joseph Mankiewicz em um filme perfeito no qual tudo funciona bem, inclusive o confinamento teatral com apenas dois personagens em cena o filme todo. Um dos maiores clássicos do suspense no cinema. 😈😈😈😈😈
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1972 Frenzy (Frenesi) • A região portuária em Londres é aterrorizada pelos crime do "assassino da gravata" que deixa a população e polícia em alerta. Hitchcock em seu último grande filme. Veja o post.
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1974 Frightmare • Depois de cumprir pena de quinze anos, casal é considerado recuperado e solto. Talvez o melhor filme do alternativo Pete Walker. Veja no post.
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1975 The Spiral Staircase • Curiosamente os filmes de Peter Collinson que foram muito importantes no novo thriller inglês (como Penthouse) também marcaram o encerramento do gênero! Este é uma refilmagem mediana de um suspense de 1947 que tem um ótimo rendimento visual, mas tropeça na lentidão. Um maníaco que assassina pessoas portadoras de alguma deficiência, faz vítimas diversas e em uma noite chuvosa uma família será ameaçada por ele, especialmente Jacqueline Bisset que está sem voz depois de um trauma. Ótimo clima no casarão vitoriano, elenco bacana (Christopher Plummer, John Phillip Law, Gayle Hunnicutt), tudo bonito de se ver, mas chato de acompanhar... 😈😈
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1978 Tomorrow Never Comes • Apesar de reunir um monte de coisas boas do thriller inglês como Susan George, Oliver Reed, Donald Pleasence, direção de Peter Collinson e música de Roy Budd, este é um thriller que falhou feio... Falhou especialmente na direção de Collinson que por algum motivo não conseguiu repetir sua especialidade: o confinamento por ameaças externas. Aqui, Susan George é detida em casa por um antigo caso amoroso e um cerco policial liderado por Oliver Reed fecha o local. Situação clássica do suspense policial, mas é visível o fim de ciclo que se anunciava na produção britânica. O título foi profético. 😈😈
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