12 de dezembro de 2018

A Noite Devorou o Mundo

La Nuit a Devoré Le Monde (França, 2017)

Diret Dominique Rocher
Com Anders Danielsen Lie, Golshifteh Farahani.

A Noite Devorou o Mundo

Terror papo sério! Produção francesa que escolhe o gênero zumbis para um estudo sobre a solidão do homem urbano. Sam visita sua ex na intenção de recuperar suas fitas de trabalho justo no momento em que rola uma festa no apartamento dela. Insociável e irritadiço, Sam se isola em um quartinho na espera de que o evento social termine e quando termina, termina mesmo: um surto epidêmico fulminante se alastrou pela região transformando os habitantes em raivosos zumbis! Sozinho no local, Sam inicialmente trata de sua sobrevivência procurando comida nos apartamentos do prédio e depois sai a procura de mais sobreviventes.

Dispensando a aventura braçal e sangrenta, o filme se entrega ao estudo existencial do recluso Sam e o preço alto que paga em sua alienação social. Na manutenção de sua integridade física e uma vez garantida a sobrevivência no estoque razoável de comida, ele passa a se dedicar a seus afazeres musicais, toca bateria, improvisa percussões com o objetos encontrados e tem altos papos com um zumbi preso no elevador de grade! Vagando pelos corredores do prédio e sem relação com mais nada, Sam não difere muito dos zumbis lá fora, e também como eles, não tem muita consciência disso... O confronto de Sam na sacada com os zumbis na rua é simbólico dessa condição. Até que encontra Sarah e a casualidade da relação finalmente trará alguma mudança à sua situação inerte (ainda que imersa em uma amarga ironia).

Inventiva variação no gênero zumbis que se lança a alegoria social. Tudo bem que o George Romero já tinha dito isso tudo, mas quem vai reclamar de um filme de zumbi a mais? A gente prolifera mesmo... Mas não espere sangue e pancadaria uma vez que o assunto do filme é a solidão auto-imposta de Sam. Sua condição chega a ser comovente quando se arrisca a resgatar um gato da rua para ter companhia ou quando "puxa conversa" com Alfred, o zumbi preso na porta do elevador. E mesmo a amizade que nasce com Sarah pode ser algo que só acontece em seus devaneios de solitário... Produção de primeira com efeitos e próteses apavorantes, é o primeiro filme do diretor Dominique Rocher.

• Sozinho na multidão: Sam toca bateria na sacada para uma platéia zumbi!
• Melhor cena: os zumbis invadem o prédio (agora sim, um pouco de tiro e sangue!)
• Referências claras: Last Man on Earth e Omega Man e por extensão, Eu Sou a Lenda de Richard Matheson.
• Momento Hermeto Paschoal: Sam improvisa ritmos nos objetos.

Expectativa 😈😈     Realidade 😈😈😈

Faces look ugly, when you're alone...

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