The Lodgers (Irlanda, 2017)
Diret Brian O´Malley
Com Charlotte Vega, Bill Milner, Eugene Simon, David Bradley, Roisin Murphy.
Na Irlanda também tem! Terror e fantasia em uma produção irlandesa que surpreende na austeridade. Rachel e Edward são irmãos que vivem confinados em uma velha mansão de propriedade da família. Apesar das dificuldades financeiras e das condições até perigosas do local sem manutenção os jovens permanecem impedidos de sair. Entidades espirituais que habitam a mansão os mantém prisioneiros por condições e regras impostas.
Quando Rachel conhece Simon, que voltou da guerra e trabalha no vilarejo próximo, a situação sofre um rompimento fatal. Rachel se prepara para abandonar a casa e Edward irá se opor à decisão da irmã até pela violência.
Terror neo-gótico com um impressionante apuro visual na construção de sua morbidez mortiça. Quase dá pra ver os ácaros de tão poeirenta que é a cenografia. Sua maior força (em uma primeira análise) é justamente o aspecto atmosférico na melhor tradição dos românticos/vitorianos.
Em um segundo momento, o filme surpreende nas possíveis situações incestuosas que condenam o casal central (e seus ancestrais) ao preconceito dos moradores locais. O elemento "confinamento" passa então a ganhar significados mais amplos, pois tanto os locais quanto os ancestrais de Rachel e Edward agem indiretamente na sua segregação. Finalmente a situação geral revela (muito sutilmente) que até mesmo a dupla de irmãos pode estar sendo negligente com suas vontades uma vez que não parecem dispostos em reagir à situação. E quando o roteiro não está disposto a "revelações surpresa", as leituras se tornam mais ricas e misteriosas. Assim o "tabu" e o "indizível" permeiam o filme e impregnam seu drama como o bolor e a poeira se infiltraram pelos recantos do casarão.
The Lodgers tem alguns elementos que pouco importam à narrativa, como a violência dos desocupados marginais ou o crime de Edward e poderia ter rendido bem mais se explorasse o drama das imposições familiares e sociais que transcendem gerações como uma condenação (que é o tema central). Seja como for, é um filme que se segura muito bem em sua originalidade, não pretende o espetáculo e que poderá (com o tempo) integrar as listas das grandes fantasias góticas no cinema. Repleto de detalhes e sutilezas, pode ser preciso vê-lo mais de uma vez, o que neste caso será um prazer.
The Lodgers tem alguns elementos que pouco importam à narrativa, como a violência dos desocupados marginais ou o crime de Edward e poderia ter rendido bem mais se explorasse o drama das imposições familiares e sociais que transcendem gerações como uma condenação (que é o tema central). Seja como for, é um filme que se segura muito bem em sua originalidade, não pretende o espetáculo e que poderá (com o tempo) integrar as listas das grandes fantasias góticas no cinema. Repleto de detalhes e sutilezas, pode ser preciso vê-lo mais de uma vez, o que neste caso será um prazer.
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