Autumn Blood

Autumn Blood (Áustria, 2013)

Diret Markus Blunder

Com Sophie Lowe, Maximilian Harnisch, Peter Stormare, Samuel Vauramo, Gustaf Skarsgard. 

Sleazy de arte?! Originalíssimo drama/suspense ambientado na natureza. Em uma comunidade montanhesa, uma jovem e seu irmão caçula vivem dos trabalhos em sua fazenda isolada. Perderam o pai quando criança em uma situação criminosa e recentemente a mãe também faleceu. Isolados e indefesos, tornam-se alvo de alguns moradores do vilarejo próximo e a garota passa a ser atacada por alguns locais. Quando o escriturário da vila suspeita do fato, aciona uma investigadora. Os agressores então precisam eliminar a jovem montanhesa antes que as investigações avancem!

Autumn Blood pode ser o primeiro rape revenge bucólico do cinema! A rigor nem é revenge e sim uma fuga pela sobrevivência na wild life montanhesa. Ao perceber um novo ataque do trio armado que se aproxima, a jovem foge de casa e se aventura pela natureza ao redor levando o irmão. No ambiente ao qual os atacantes não estão habituados ela pode ter sua chance de reverter a situação. Mas o roteiro evita em parte essa obviedade para um desenvolvimento mais original. Veja a cena em que um dos atacantes tropeça e dispara em si mesmo!!! Que tipo de revenge é esse?!? Ao tirar a vingança/justiça das mãos da vítima protagonista o filme se lança (e se arrisca muito) a uma dramaticidade de símbolos mais difíceis.

Sendo assim, os cartazes de Autumn Blood são bastante enganosos pelas armas à vista que sugerem um "filme porradaria". Na verdade ele é um suspense diferenciado com um acabamento visual espetacular na captura de imagens da natureza em quadros deslumbrantes. Beleza acentuada até pela ausência de diálogos. Quase não se fala no filme todo. Os primeiros diálogos aparecem aos 40 minutos! E os personagens não tem nome!

Em uma grande narrativa de simbolismos na linha de filmes como Deliverance ou Figures in a Landscape o drama aqui opta por uma sucessão de casualidades encadeadas e a figura do eterno vilão Peter Stormare lança uma sombra de ameaça o tempo todo. E a ausência de explicações óbvias via texto, faz o filme funcionar em uma profunda rede de subentendimentos. Peter insiste com presentinhos à jovem. É possível que ele seja o pai da garota?!? As leituras possíveis ao filme são várias: a transição para a vida adulta acontece de forma violenta. A reclusão da jovem em seu mundo paradisíaco não impede que o convívio com os aldeões a alcance na forma de agressão. A justiça, vingança e redenção veem no tempo diferenciado da natureza e não na lógica medíocre das aventuras cinematográficas. Muitas leituras e muitos símbolos, mas Autumn Blood deixa claro que seu terreno é o da imagem e do significado, e não o da verborragia... Parei!

Expectativa 😈😈😈     Realidade 😈😈😈😈