Norman se voltou para encarar o homem, imaginando o que ele iria fazer. Mas imaginava muito mais o que faria o xerife. O xerife podia ir ao Cemitério de Fairvale e abrir o túmulo da mãe. E quando o abrisse, quando abrisse o caixão vazio, então haveria de descobrir o segredo. Haveria de saber que a mãe estava ainda viva.
• Um marco divisor na cultura pop macabra! Lançado em 1959 e filmado no ano seguinte, Psicose serviu como nova orientação para produções por sua estrutura fílmica incomum e a violência que não foi bem vista à época! Até mesmo por causa das origens pulp da obra literária. Nem há muito o que se falar depois da obra (filme e livro) ter se tornado um marco histórico, mas é bem curioso analisar como o livro é ainda mais pesado e sufocante do que o filme!
Robert Bloch joga o leitor logo no primeiro capítulo no mundo neurótico de Norman Bates, um quarentão gorducho, com fraqueza pelo álcool e vivendo sob a dominação de sua implacável mãe conservadora. O interesse de Norman pela taxidermia revela imediatamente um episódio macabro na leitura sobre uma tribo Inca que transforma uma de suas vítimas em um "tambor humano". O texto não poupa os detalhes grotescos da pele abdominal curtida e esticada ao extremo, formando uma caixa de percussão sobre as costelas, cujo som sai amplificado pela boca do cadáver!!! Entra então em cena a senhora Bates em um diálogo que imediatamente nos revela a relação doentia entre mãe dominadora e filho submisso. Submisso mas repleto de pensamentos e articulações internas.
• Um marco divisor na cultura pop macabra! Lançado em 1959 e filmado no ano seguinte, Psicose serviu como nova orientação para produções por sua estrutura fílmica incomum e a violência que não foi bem vista à época! Até mesmo por causa das origens pulp da obra literária. Nem há muito o que se falar depois da obra (filme e livro) ter se tornado um marco histórico, mas é bem curioso analisar como o livro é ainda mais pesado e sufocante do que o filme!
Robert Bloch joga o leitor logo no primeiro capítulo no mundo neurótico de Norman Bates, um quarentão gorducho, com fraqueza pelo álcool e vivendo sob a dominação de sua implacável mãe conservadora. O interesse de Norman pela taxidermia revela imediatamente um episódio macabro na leitura sobre uma tribo Inca que transforma uma de suas vítimas em um "tambor humano". O texto não poupa os detalhes grotescos da pele abdominal curtida e esticada ao extremo, formando uma caixa de percussão sobre as costelas, cujo som sai amplificado pela boca do cadáver!!! Entra então em cena a senhora Bates em um diálogo que imediatamente nos revela a relação doentia entre mãe dominadora e filho submisso. Submisso mas repleto de pensamentos e articulações internas.
Na sequência conhecemos Mary Crane que já esta em fuga pelo grande soma de dinheiro roubado e novo impacto narrativo marca o início da novela. Bloch não perde muito tempo com pormenores dramáticos e mesmo o background de vida dos personagens é ligeiro para não cansar. O que interessa aqui é o desenrolar e o autor vai das fraquezas de Norman e incertezas de Mary ao famoso assassinato no chuveiro, praticamente na abertura da história. O que o filme leva a primeira metade para contar (a fuga de Mary e chegada ao motel) o livro resume ao segundo capítulo!
Psicose acaba assim formando uma estrutura em curva indo do pico emocional inicial ao pico final, com uma longa preparação de suspense no meio e praticamente um gancho de mistério narrativo a cada fim de capítulo! O miolo serve justamente à irritação do leitor com seus tempo lentos de expectativa e as investigações do namorado Sam, a irmã Lila e o detetive Arbogast. Para o sustento do mistério principal temos a citação constante a figura da velha senhora Bates.
– Ele deixou escapar que convidara a garota a ir cear com ele naquela casa por detrás do motel. Disse que era só isso que a mãe poderia confirmar.
– Falou com ela?
– Não mas vou falar. Está em casa no quarto dela. Ele quis me fazer desistir, dizendo que ela está muito doente e não pode ver ninguém, mas eu a vi sentada à janela do quarto. Observava-me quando cheguei.
O jogo de palavras que Bloch faz nos momentos de bloqueio mental de Norman também são exemplares no sentido de conduzir a narrativa sem revelar segredos! E acima de tudo, destaca-se a genialidade do autor em ir desvendando a persona perturbada de Norman em momentos isolados da narrativa de forma a compor gradualmente sua personalidade demente até chegar à sua estante com livros de ocultismo e pornografia. Estratégia que contribui para um acúmulo considerável de suspense no epílogo.
Destaco como trecho de preferência pessoal a descrição do quarto da sra. Bates quando investigado por Lila:
A decoração daquele quarto era antiquada já muitos anos antes da morte da mãe de Bates. Na sua opinião era um quarto que não existia mais desde havia cinquenta anos. [...] E ainda estava vivo. Era isso o que embebia Lila naquela sensação de deslocamento no tempo e no espaço. [...] O quarto se diria vivo, como qualquer quarto onde se viveu por muito tempo. Mobiliado havia cinquenta anos, vago e intocado desde a morte de sua ocupante há vinte anos passados, ainda se diria que era o quarto de uma pessoa viva. Um quarto onde, ainda na véspera, uma mulher se sentara junto à janela e espiara para fora...
🛁
Leitura radical
O formato de novela prejudica, poderia ser mais longo.
•
Leitura passional
Um dos maiores do gênero!
_____________________________________
Psicose
Psycho - Robert Bloch, 1959
Editora Best Seller - 1964 - São Paulo - 128 páginas
Editora Darkside - 2013 - Barueri - São Paulo - 256 páginas
Nenhum comentário:
Postar um comentário