A literatura fantástica e de horror parece se dividir entre dois blocos de gerações distintas: clássicos do passado e clássicos contemporâneos. Então temos lá no passado, Edgar Allan Poe, Henry James, Nathaniel Hawthorne, um pouco depois deles, o grande H. P. Lovecraft. E na produção moderna, Stephen King, Frank de Felitta, Dean Koontz, Clive Barker. Parece que fica um intervalo entre essas duas épocas. E quem ocupa mais destacadamente essa twilight zone e serve de ponte de ligação é o romancista americano Robert Bloch (1917 - 1994), famoso como o autor de Psicose. Também tivemos outros célebres contemporâneos de Bloch como Richard Matheson e Ray Bradbury, ambos mais voltados ao poético fantástico e ficção científica, enquanto que Bloch era mais apegado à tradição romântico-gótica do gênero.
Bloch ganhou fama instantânea quando sua novela Psycho (1959) foi adaptado às telas em 1960. É também nesse ponto que o autor conecta o gênero ao contemporâneo deixando para trás a elegância vampiresca dos clássicos e concentrando-se em aspectos brutais, violentos, mais condizentes com a cultura pós guerras mundiais, mais condizente com a ligeireza da cultura de massa e a literatura pulp. Jack o Estripador é uma figura a que Bloch recorreu em alguns de seus contos. As reações ao filme Psicose não foram totalmente favoráveis em sua época por sua violência e o livro é ainda mais forte! Quem leu concorda?
Com o sucesso de Psicose, Bloch foi naturalmente convidado a fazer roteiros. Dos obscuros trabalhos em The Couch (1962) e Cabinet of Caligari (1964), visivelmente derivados de Psicose com seus personagens de mentes perturbadas e percepção alterada da realidade, Bloch passou para séries de TV como Thriller e Alfred Hitchcock Presents e, ganhou mais destaque nas parcerias com William Castle e Freddie Francis. Curiosamente, a proposta de sequência de Psicose, feita por Bloch foi rejeitada pelos estúdios. Assim temos a sequência cinematográfica (Psicose 2, que é muito boa!) e a sequência literária (que eu nunca li!).
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Um pouco de filmes roteirizados pelo autor...
1962 The Couch • Grant Williams (O Incrível Homem Que Encolheu) é um psicopata que fica ligando ao delegado de polícia e avisando a cada assassinato que vai cometer. O psiquiatra que trata do rapaz parece ser o único capaz de desvendar o caso que vem assustando os cidadãos e Grant terá que cuidar do doutor ou será descoberto... Suspense e drama medianos com um personagem central obviamente derivado de Norman Bates. 😈😈
1962 The Cabinet of Caligari • Jane dirige pelas estradas e tem seu pneu furado. Na busca por ajuda, chega a uma mansão e depois de passar a noite no local não encontra meios de sair. As diversas figuras que encontra (funcionários, visitantes) são incapazes de lhe prestar alguma ajuda e o dr. Caligari (Dan O'Herlihy) administra o local com punições físicas. A mansão é uma clínica?! Bloch no piloto automático pega o título e ideia básica do clássico expressionista O Gabinete do dr Caligari (1919) e desenvolve um drama/mistério bem previsível desde o pneu furado na abertura! Direção e produção em nível B que hoje só vale como curiosidade da época. 😈
1964 Straight Jacket • Veja em Megeras do Terror
1965 The Night Walker • Veja Megeras do Terror
1966 The Psychopat • Veja em Freddie Francis.
1971 The House That Dripped Blood • Clássico dos filmes em episódios que tanto marcaram o período. Um detetive investiga um desaparecimento e ouve quatro relatos envolvendo uma misteriosa mansão vitoriana. 1. Denholm Elliott é um escritor que dá vida a um assassino ao desenvolver seu novo romance. 2. Peter Cushing reencontra a imagem de uma velha paixão na figura de um museu de cera. 3. Christopher Lee tem uma filha que pode ter herdado poderes de uma feiticeira. 4. John Pertwee é um ator que adquire poderes sobrenaturais ao usar uma capa de vampiro. Pode-se considerar que o formato clássico das narrativas pulp como assumido no filme seja por demais orientado a simplicidade, mas os aspectos visuais alcançados aqui estão entre o que de melhor se fez em atmosfera visual no gênero. 😈😈😈😈
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