"O fundo da tenda ergueu-se como uma cortina e diante dos olhos do povo de Abalone, Arizona, surgiu o majestoso e soturno templo do grande deus Yottle. Também soturna, a música das esferas elevou-se da nave e do santuário em vagas de som, pairando entre as trevas colossais, subindo mais alto, cada vez mais alto, até o limiar dourado do próprio céu".
• Fantasia leve escrita pelo americano Charles G. Finney que rendeu um saudoso "clássico Sessão da Tarde" dirigido por George Pal em 1965. The Circus of Dr Lao é quase um conto estendido em sua forma sem capítulos e separado por intervalos. A ação acontece toda em uma única sessão de visita ao circo do dr. Lao quando este se instala em uma cidadezinha interiorana no Arizona. A comoção se inicia logo na chegada da pequena caravana puxada por seres fantástico que atiçam a curiosidade dos moradores. Serão animais fantasiados? Ninguém fica indiferente ao desfile seja por pura curiosidade, seja pela dúvida quanto à veracidade ou pelo aparente ridículo da estrutura precária da caravana.
"Seguindo pela rua principal, a seis quarteirões dali, Larry encontrou o desfile. [...] Apenas três carrocinhas escangalhadas puxadas por animais. Na carroça do chinês, havia uma enorme cobra cinzenta enrolada, na segunda um urso e na última um cachorro verde.
– Ei, que espécie de animal é aquele puxando a primeira carroça?
Larry olhou e viu um cavalo com um fino chifre branco no meio da testa.
– É alguma invencionice – respondeu Larry – Como é que se chamam esse bichos? Monocornos? Não... é Unicórnios? Isso! Unicórnios! Acho que o sujeito pegou um cavalo e fez um unicórnio, pregando um chifre na cabeça dele."
Singelo e em tom de fábula, o livro, em episódios distintos, comenta a mesquinhez humana disparando situações simbólicas e avulsas em cada passagem, culminando em uma orgíaca reunião de bruxas seguida da aparição de Satã! E mais adiante a aparição do deus mitológico Yottle encerra o ciclo de apresentações em clima de delírio para os visitantes.
Sem rebuscamentos narrativos, e sem destacar protagonistas, Finney vai disparando ironias sobre as estruturas sociais, as frustrações humanas, o conservadorismo e as crenças ilusórias, tudo, enfim, que serve à constituição dos grupos sociais e seus mecanismos de relações, acaba confrontado nas situações episódicas. Singelo e despretensioso, The Circus of Dr Lao é uma fantasia sem similares na literatura fantástica.
"Surgiram então as feiticeiras. Das montanhas da Lua desceram, montadas em seus cabos de vassouras, viajando pelos raios de luar até os charcos. [...] Fantásticas mulheres voadoras, com farrapos esvoaçantes, rindo obscenamente como marafonas, girando, girando... Depois pousaram. As margens pálidas do charco enegreceram com a legião das irmãs, irmãs da tentação, irmãs da falsidade, irmãs da depravação."
• Fantasia leve escrita pelo americano Charles G. Finney que rendeu um saudoso "clássico Sessão da Tarde" dirigido por George Pal em 1965. The Circus of Dr Lao é quase um conto estendido em sua forma sem capítulos e separado por intervalos. A ação acontece toda em uma única sessão de visita ao circo do dr. Lao quando este se instala em uma cidadezinha interiorana no Arizona. A comoção se inicia logo na chegada da pequena caravana puxada por seres fantástico que atiçam a curiosidade dos moradores. Serão animais fantasiados? Ninguém fica indiferente ao desfile seja por pura curiosidade, seja pela dúvida quanto à veracidade ou pelo aparente ridículo da estrutura precária da caravana.
"Seguindo pela rua principal, a seis quarteirões dali, Larry encontrou o desfile. [...] Apenas três carrocinhas escangalhadas puxadas por animais. Na carroça do chinês, havia uma enorme cobra cinzenta enrolada, na segunda um urso e na última um cachorro verde.
– Ei, que espécie de animal é aquele puxando a primeira carroça?
Larry olhou e viu um cavalo com um fino chifre branco no meio da testa.
– É alguma invencionice – respondeu Larry – Como é que se chamam esse bichos? Monocornos? Não... é Unicórnios? Isso! Unicórnios! Acho que o sujeito pegou um cavalo e fez um unicórnio, pregando um chifre na cabeça dele."
Singelo e em tom de fábula, o livro, em episódios distintos, comenta a mesquinhez humana disparando situações simbólicas e avulsas em cada passagem, culminando em uma orgíaca reunião de bruxas seguida da aparição de Satã! E mais adiante a aparição do deus mitológico Yottle encerra o ciclo de apresentações em clima de delírio para os visitantes.
Sem rebuscamentos narrativos, e sem destacar protagonistas, Finney vai disparando ironias sobre as estruturas sociais, as frustrações humanas, o conservadorismo e as crenças ilusórias, tudo, enfim, que serve à constituição dos grupos sociais e seus mecanismos de relações, acaba confrontado nas situações episódicas. Singelo e despretensioso, The Circus of Dr Lao é uma fantasia sem similares na literatura fantástica.
"Surgiram então as feiticeiras. Das montanhas da Lua desceram, montadas em seus cabos de vassouras, viajando pelos raios de luar até os charcos. [...] Fantásticas mulheres voadoras, com farrapos esvoaçantes, rindo obscenamente como marafonas, girando, girando... Depois pousaram. As margens pálidas do charco enegreceram com a legião das irmãs, irmãs da tentação, irmãs da falsidade, irmãs da depravação."
🎪
Leitura radical
Poderia ter sido desenvolvido com mais consistência.
•
Leitura passional
Encantador em sua despretensão.
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As Sete Faces do Dr. Lao
The Circus of Dr. Lao - Charles G. Finney, 1935
Editora Francisco Alves, RJ - 1979
115 páginas
115 páginas
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