Mas revolta mesmo causou o bodegueiro Adonias ao parar um enterro à bala em plena Ponte da Mijada, para que o morto lhe pagasse uma antiga dívida. Feriu alguns parentes do devedor, dispersou a multidão a tiros e, como não recebeu o dinheiro, matou de novo o morto. (A Rua do Cemitério)
• Livro de contos do cearense Pedro Rodrigues Salgueiro. Entre o poético, o macabro e o sobrenatural, os doze mini-contos, apesar de brevíssimos em dimensão, são capazes de uma incrível expansão profundidade em cada parágrafo. Sugerem muito mais dramas e profundidades em suas entrelinhas do que se pode supor pela aparente singeleza dos textos.
Carregava atado a seu pescoço um morto, e como pesava. Peso sentido por gerações a fio, dizem que seu neto também carregava um mortinho atado à cintura e vez por outra também sentia calafrios ao urinar na calçada. (O Peso do Morto)
Tratando de dramas pessoais e situações sociais, todas tendo um morto, ou alguém em vias de morrer, como elemento central do drama, os contos compõem um grande painel de hábitos e tradições. Alguns inserem humor e sempre com implicações dramáticas mais amplas do que os momentos revelam. Ou lançam inversões que surpreendem como A Rua do Cemitério que conta casos divertidos e termina no temor da coveira Júlia, por todas as piadas que fez com os falecidos em tantos anos.
Todas as noites ouço um sussurro de muitas vozes vindas de lá, e todos os vaga-lumes da terra voam para aqueles lados, num enorme clarão. [...] Já fiz tudo para não ser enterrada lá, até comprei túmulo em outra cidade, mas como não consigo andar, estou perdida.
Neste livro há uma clara preocupação de Salgueiro com temas que se debatem pelas fronteiras extremas do absurdo. Em quase todas as histórias, a visão do inusitado, às vezes chega ao patético (Cláudio Aguiar, contracapa)
• Livro de contos do cearense Pedro Rodrigues Salgueiro. Entre o poético, o macabro e o sobrenatural, os doze mini-contos, apesar de brevíssimos em dimensão, são capazes de uma incrível expansão profundidade em cada parágrafo. Sugerem muito mais dramas e profundidades em suas entrelinhas do que se pode supor pela aparente singeleza dos textos.
Carregava atado a seu pescoço um morto, e como pesava. Peso sentido por gerações a fio, dizem que seu neto também carregava um mortinho atado à cintura e vez por outra também sentia calafrios ao urinar na calçada. (O Peso do Morto)
Tratando de dramas pessoais e situações sociais, todas tendo um morto, ou alguém em vias de morrer, como elemento central do drama, os contos compõem um grande painel de hábitos e tradições. Alguns inserem humor e sempre com implicações dramáticas mais amplas do que os momentos revelam. Ou lançam inversões que surpreendem como A Rua do Cemitério que conta casos divertidos e termina no temor da coveira Júlia, por todas as piadas que fez com os falecidos em tantos anos.
Todas as noites ouço um sussurro de muitas vozes vindas de lá, e todos os vaga-lumes da terra voam para aqueles lados, num enorme clarão. [...] Já fiz tudo para não ser enterrada lá, até comprei túmulo em outra cidade, mas como não consigo andar, estou perdida.
Neste livro há uma clara preocupação de Salgueiro com temas que se debatem pelas fronteiras extremas do absurdo. Em quase todas as histórias, a visão do inusitado, às vezes chega ao patético (Cláudio Aguiar, contracapa)
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Leitura Radical
Histórias muito curtas, poderiam ser mais envolventes e desenvolvidas.
•
Leitura Passional
Simpático e profundo em significados.
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O Peso do Morto • Pedro Rodrigues Salgueiro, 1995
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