22 de março de 2020

Mandy: Desejo de Vingança

Mandy (EUA, UK, Bélgica, 2018)

Diret Panos Cosmatos
Com Nicolas Cage, Andrea Riseborough, Linus Roache, Ned Dennehy, Richard Brake, Olwen Fouere, Bill Duke.

Mandy

Pop de arte. Delirante terror e fantasia que escapa de critérios comuns de apreciação. A principio parece uma coletânea de referências sofisticadas na cultura pop, passando pelo rock progressivo, a arte fantástica, o psicodelismo e citações ao cinema e cultura popular em geral. A sequência narrativa é tão simples que qualquer comentário a mais pode virar spoiler. Nicolas Cage e sua esposa Andrea Riseborough vivem em uma casa afastada em meio a floresta. Um grupo de hippies liderados por Jeremiah Sand, um falso messias, se interessa por Andrea e Cage se empenha em uma caçada mortal ao bando. Mas os nômades, que lembram muito a família de Charles Manson, têm meios de invocar um trio de motoqueiros/entidades, duros de matar!

Então, na postura ambiciosa e diferenciada da produção, temos um desfile de boas surpresas: toca King Crimson, tem trilha de rock instrumental, tem paisagens cósmico-fantásticas e uma constante atmosfera de delírio estético e sensorial que é uma beleza. O problema é que, quando o filme se torna uma aventura de vingança como qualquer outra do cinema, vai perdendo o encantamento tão bem construído em sua primeira metade de incrível apuro estético. Mas destaca-se também a diversão em decifrar as possíveis e diversas pistas da narrativa: os limites entre o "real" e o "além" nunca são totalmente definidos. Andrea vive em estado "alternativo" entre suas leituras e suas ilustrações fantásticas. Cage pode estar se tornando uma entidade maligna em sua obstinada caçada e toda a trajetória do casal pode ter significados a mais do que a storyline simplória faz supor...


E na maratona de referências temos Andrea lendo novelas de fantasia, interlúdios com texto imitando capas de pockets, o título "Mandy" como lettering de death-metal, interlúdios em animação, o líder da gangue ouve folk-psicodélico em vinil, tem esguichos na cara como em Evil Dead, tem duelos de moto-serra... e culmina nas caretas de Nicolas Cage entre o hilário e o insano, bagunçando um pouco os limites entre misticismo ambicioso e o humor de uma graphic novel!
Seja pela apreciação que for, seja como pasticho de referência, seja pela indulgência autorreferente ao cinema, Mandy é um terror acima da média por sua opção em estilização delirante.

Cotação Mojica
• O diretor Panos Cosmatos é filho do veterano George Pan Cosmatos (Travessia de Cassandra, Rambo II, Leviathan)
• O tema Amulet of the Weeping Maze, foi realmente lançado como composição de Jeremiah Sand (trivia IMDB)
• Ainda não foi desta vez que tivemos o "filme-overdose", mas as tentativas estão constituindo um caminho bem interessante ao fantástico moderno (A Field in England, Shrooms)

Expectativa 😈😈    Realidade 😈😈😈😈

Não é "careta", é "atuação"....

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