O Demonologista - Andrew Pyper faz seu nome como um dos grandes do fantástico contemporâneo.

"O Anticristo virá portando armas de persuasão, não de destruição", diz o garoto, cada vez mais alto e com mais firmeza. "A Besta não se erguerá das águas, mas de dentro de vocês. De cada um de vocês, um de cada vez. E de uma maneira adequada a suas próprias dúvidas, frustrações. Sua dor."

• Grande suspense narrado em estrutura de investigação que consagrou o autor norte-americano Andrew Pyper. Conta a aventura de David Ullman, professor do departamento de inglês da Universidade de Columbia (Um ateu estudioso da Bíblia. Um especialista em demônios que acredita que o mal é um invenção humana) que é visitado por um misteriosa mulher e convidado a uma estadia em Veneza com um endereço. Ullman aceita e segue viagem com sua filha Tess, como forma de remediar seus dramas recentes. Uma vez na cidade ele testemunha e grava o depoimento de um possível homem possuído.

Dou um passo para trás em busca de uma distância segura. Gravo o que parece ser minuto após minuto de seu ataque. Latidos. Baba de espuma branca. Vozes que emanam dele, rosnado e sibilando. 

"Quem é você?"

Sua cabeça se ergue novamente. Desta vez sua expressão não pertence nem ao louco que rosnava nem a seu apavorado eu "normal", mas a algo novo.

"Nós não temos nomes".

E seu drama tem início com o desaparecimento da filha do professor Ullman e sua busca desesperada em encontrá-la ou ao menos ter uma resposta do ocorrido. Assim o professor embarca em uma aventura insana atrás de pistas que revelam uma possível trama demoníaca.
Citando constantemente o Paraíso Perdido de John Milton (inclusive com um destaque ao autor e sua obra no posfácio) a busca leva o professor a uma viagem entre Nova Iorque, Veneza, Dakota do Norte e Flórida, repleta de aparições, pistas e decifrações sutilíssimas na busca por Tess e pela compreensão das reais intenções do demônio que insiste em contatá-lo por vários meios, códigos e possessões.

"Usando Paraíso Perdido como uma espécie de código".
"Linguagem. Ele compartilha com você uma paixão por palavras, David".
"Parece que sim", admito, "E parece que ele gostaria de conversar comigo tanto quanto eu gostaria de conversar com ele".

Muito bem construído em sua sucessão de camadas sobrepostas e decifrações, o livro não busca o espetacular em sua narrativa, constrói-se como uma trajetória detetivesca, na atenção do professor aos mínimos detalhes que podem orientar sua busca incerta. Mas essa virtude, que é um texto refinado e de diversas citações, acaba funcionando contra sua estrutura. Algumas passagens se arrastam perdendo-se em referências e memórias. O autor também não explora muito a possibilidade do suspense de epílogo – o protagonista tem um tempo limitado para cumprir sua missão. Pode ter sido uma opção intencional, afinal o fundamento principal do romance é a busca em si e os tormentos do cético professor quando confrontado com o sobrenatural.

"Os demônios são reais e vivem entre nós. Não de maneira metafórica, mas literalmente. É aterrador"

• Pode ser desinteressante por seus fundamentos cristãos (igreja x demônios).

• Seu final medianamente conclusivo tem um notável força poética.

• Dispensável: referências pop (Intriga Internacional, música pop, cabeça virando para trás...)

• É mais um romance sobrenatural que busca claramente a forma de roteiro cinematográfico.

🤘

Leitura Radical

Formal demais em sua pretensão erudita.

•

Leitura Passional

Envolvente como um grande filme de mistério.

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O Demonologista

The Demonologist, Andrew Pyper, 2013

Editora Darkside, Rio de Janeiro, RJ, 2015

325 páginas