black phillip: Possum

15 de março de 2020

Possum

Possum (ING, 2018)

Diret Matthew Holness

Com Sean Harris, Alun Armstrong.

Uma mente à parte. Incômodo suspense inglês para fãs do wierd cinema e filmes enigmáticos. O solitário Phillip vaga por ambientes abandonados sempre carregando sua valise para despachar, em lugares remotos, o que guarda em seu interior. Phillip é um puppeteer, um bonequeiro, marionetista, e o grotesco boneco que carrega é a encarnação de seus medos, traumas e segredos. Até aí, nada de novo em simbolismo paranoico, mas Possum navega com tanta propriedade pela mente doentia do protagonista que é um dos mais interessantes e assustadores filmes de horror dos últimos tempos.

Possum (gambá) também é o poema lido algumas vezes no livro de infância do protagonista e revela muito quem ele se tornou após anos de maus tratos e consequente reclusão. Ambientado em bosques e construções abandonadas, o filme é uma viagem emocional de desconexão com o real, na condição de Phillip. O único participante (ou intruso) é seu tio Maurice, que conhece muito de seu passado e presente. Maurice parece ter tido importância especial na condição distorcida de Phillip, e este, quanto mais tenta se livrar do boneco aracnoide, mais confronta sua presença.

E a única relação com o mundo real, visível no filme, é quando a notícia sobre o desaparecimento de um jovem é divulgada na TV e nos jornais. Então a condição de abandono e vítima, do protagonista e seu tio, ganha uma conotação ainda mais perturbadora.

Distante de convenções pop, Possum está mais ligado à referências surrealistas e expressionistas. É um filme visualmente deslumbrante em sua bela integridade decrépita, quase monocromática, de locais abandonados, bosques descuidados, construções desgastadas e abandonadas ao bolor. Um universo de desimportância, assim como a vida do protagonista que só será participante em algum contexto por vias ilícitas.