24 de agosto de 2020

La Novia Ensangrentada

La Novia Ensangrentada (Espanha, 1972)

Diret Vicente Aranda
Com Maribel Martin, Simon Andreu, Alexandra Bastedo, Rosa Rodriguez.


A peça rara. Um dos mais inclassificáveis filmes de terror da história. Impossível rotulá-lo simplesmente de terror, ou experimental, ou filme B. Insere-se na corrente dos eróticos dos anos 70, na linha do cultuado Daughters of Darkness (1971), mas tem uma proposta tão própria no alinhamento de seus ingredientes que escapa a generalizações.
Susan é uma jovem artista recém-casada e que se espanta com as brincadeiras eróticas do marido. Todas agressivas e abusivas. Até que ela recebe a visita da misteriosa Mircalla e começa a revidar as supostas agressões e confrontar o macho dominador.

Então La Novia Ensangrentada é um filme pioneiro do empoderamento feminino e identificação (baseado livremente em Carmilla de Le Fanu) onde somente Susan, Mircalla e a jovem Carol tem nome, os demais são personagens coadjuvantes funcionais: o marido, a mãe, o caçador, o doutor. E os níveis de leitura são diversos. Mircalla pode ser simplesmente a consciência de Susan que se manifesta e a conduz a reações. Todos os homens são racionalistas, dominadores e destruidores – a cena da raposa sendo morta é especialmente significativa e incômoda por sua violência real. Mas o melhor de tudo é a excelência estética com que o filme faz seu discurso. Nem no terror, ou no erótico, houve um equivalente comparável ao jogo visual como aqui. Composto por movimentos lentos e cenas fortes, com situações surreais que parecem propositalmente isoladas do conjunto-filme. Assim o inusitado de momentos como os efeitos estroboscópicos na aparição de Mircalla, ou a cena dela nua sob a areia da praia, desconcertam no choque com o drama de Susan, narrado por vias mais convencionais.


Só vendo para sentir o efeito do inusitado estético conseguido nas construções da ação que não referem às tradições do cinema, como por exemplo na situação do caixão ao final ou a rápida cena onírica na ponte sobre o lago. Também é preciso citar a qualidade fotográfica habitual aos filmes da época, com sua atmosfera cativante em ruínas autenticas e casarões coloniais que somam muito à ambientação do filme. E as surpresas cênicas se sucedem e se intensificam até a tragédia final que, como manda a cartilha do macho, é resolvida a tiros!

• Wierd erotic: seios sob a areia!
• Ousado: o destino de Carol!
• O diretor espanhol Vicente Aranda (1926-2015) teve especial predileção por temas eróticos em sua carreira, mas este é seu único filme de horror.

Expectativa 😈😈    Realidade 😈😈😈😈


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