House of 1000 Corpses (EUA, 2003)
Com Sherri Moon, Karen Black, Sid Haig, Bill Moseley, Tom Towles, Rainn Wilson, Erin Daniels, Jennifer Jostyn.
E para nós é especial"
Trilogia de três. Terror de estreia do roqueiro Rob Zombie, um sujeito que viveria em um mundo diferente não fosse sua polêmica versão de Halloween que despertou a ira de muitos. Entre adoradores e detratores, Robert Cummings é o caso recorrente do típico adolescente classe-média que cresceu consumindo cultura pop e agora se dedica a ela com devoção de fã. Mais ou menos como a fotógrafa Cindy Sherman só que sem o lado nerd-artístico (veja Mente Paranoica). Zombie é o eterno diletante à distância, um cara que idolatra o blues de barracão, mas vive na segurança urbana. Adora o desvirtuado na cultura, mas não vai além de ser um pulp nutella. Adora a porralouquice do rock, mas nunca será um Iggy Pop. Então ele faz o que pode na aproximação possível ao que gosta. Veste-se de acordo, faz cara de maluquinho, vai gravando seu rock e dirigindo seus filmes. Até aí, nada de mal, 90% (senão 100%) da produção pop atual faz o mesmo.
Sua estreia com este House of 1000 Corpses já deixava bem claro a posição de fã, alguém que daria a vida para voltar no tempo e fazer o Texas Chainsaw Massacre antes do Tobe Hooper! O filme é um catálogo de situações padrão no cinema de terror e só por isso corre o risco de se tornar previsível. Mas não monótono! Ambientado nos anos 70 conta sobre um grupo de amigos que viaja pelo interior do Texas. Quando são abordados por locais e tem seu carro avariado, precisam se abrigar em uma noite de tempestade. Onde se abrigam? Justamente na casa de uma família de maníacos liderados pela maravilhosa canastrice de Karen Black! Então temos, estradas, trilha sonora retrô, participações cult, e surpresas que não surpreenderão os fã de terror quando o grupo se torna vítima das insanidades da família.
Se não há surpresa, então o jeito é brincar com a forma, e na tentativa de fazer o "filme-demência", Zombie abusa de imagens em negativo, montagem de eventos paralelos, nojinhos frequentes, e o cofrinho de Sherri Moon! Tenta constantemente desconcertar com o design de som e trilha musical deslocada em um resultado que é bem divertido apesar de até as ousadias serem velhas conhecidas... O resultado é um fan-film em nível B. Um clássico exemplo de produção na qual os envolvidos se divertiram muito mais do que o espectador.
Mas House of 1000 Corpses teve sua (merecida) repercussão e em 2005 a turma toda voltou em The Devil's Rejects (Rejeitados Pelo Diabo). Um trabalho mais consistente enquanto direção, porém com o roteiro não tão criativo quanto o anterior. Parte exatamente do fim do primeiro, com a família sendo cercada pela polícia e na fuga, forma-se o trio chave da série: Baby, Otis e o Capitão Spaulding (Sid Haig roubando fácil a cena como o apavorante palhaço demente!). Referenciando mais os road movies do que o terror freak e mais convencional na forma, Rejeitados vira uma insana caçada de vingança pelo xerife Wydell (William Forsythe). Violento como esperado e com foto referenciando a velha guarda setentista. Apesar de alguns pontos mortos um pouco extensos na intenção de "estilizar", o filme vale pelo excesso sádico-violento especialmente na parte final.
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Sid Haig (1939 - 2019) |
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