Without Name (Irlanda, 2016)
Fungo possuído! Terror sutil e de pistas não muito fáceis, que passa longe do cinema-pipoca. Contratado por uma grande empresa, Eric faz o levantamento topográfico em uma floresta no interior da Irlanda. O local é evitado pelos moradores e ninguém está disposto a falar nada sobre nada. Passando a temporada de trabalho em uma velha choupana na floresta, Eric aproveita que vai ficar longe da esposa e filho para levar uma amante junto. Ambos irão conhecer o andarilho Gus, também intrigado pelos mistérios da milenar e intocada floresta.
Além de perambular sem destino pelo mundo, Gus também gosta de uns aditivos sensoriais e depois de uma refeição de cogumelos os três desbravadores florestais farão sua conexão com a natureza em uma madrugada de risos descontrolados e simpatia coletiva. Mas... Eric não é o tipo experiente em aditivos e consome o estoque completo de cogumelos até passar mal e começar a ter visões apavorantes.
Without Name, que começa como um clássico conto gótico com o taverneiro evitando informações e aldeões desconfiados, vira um filme de mistério psicológico ao fazer Eric mergulhar em um tempo perceptivo diferenciado (o relógio florestal tem seu timing próprio e lhe reserva surpresas). A realidade então começa a se mostrar de modo suspeito para Eric, quando ele passa a se esconder do mundo ao redor, sua família junto a Gus e até a amante, começam a procurá-lo pela floresta. Será mesmo isso?... E a entidade que parece segui-lo pelas brumas? A imersão provocada pelo tempo de permanência na floresta somada a nova percepção (proporcionada pelos alucinógenos) pode provocar em estrago irreversível em Eric e no modo técnico com o qual ele se relaciona com o mundo.
Sem pressa narrativa e lindamente fotografado, o filme é um terror de alteração perceptiva em uma linha de cinema que parece estar constituindo um movimento à parte no fantástico contemporâneo. Como em Bliss, Mandy ou A Field in England, o "terror-aditivado" vem propondo uma visão outra da realidade além da que os sentidos estão habituados.
• Lorcan Finnegan tem outro grande trabalho no fantástico, confira Vivarium.
Expectativa 🍄🍄 Realidade 🍄🍄🍄
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