Vampyres (ESP, UK, 1974)
Com Marianne Morris, Anulka, Murray Brown, Brian Deacon, Sally Faulkner, Michael Byrne.
Erótico sangreira. Esse é um daqueles casos que se pode chamar de cult sem problema. Quando esse filme apareceu em cópias VHS, naquelas caixinhas de papelão da Top Tape, parecia mais um dos muitos filmes de terror vagabundos em produção pobre que apareciam engordando as prateleiras das videolocadoras. Nada disso! Vampyres é simplesmente um dos melhores filmes de terror-erótico que marcaram seu período.
Na onda do cinema alternativo, de grande significado em meados dos anos 70, e que reunia o erotismo e o terror como o máximo da transgressão, muitos diretores se lançaram a obras conceituais. Alguns de forma mais consistente como Jean Rollin, outros no modo apelativo, como Jess Franco, e outros ficaram na história como Harry Kumell e seu Les Levres Rouges. E nesse contexto sensorial, experimental, transgressor e tal, entrou este Vampyres como um dos melhores momentos do subgênero, simplesmente porque explora atmosferas estéticas com rara eficiência.
Com roteiro limitado à premissa básica de duas garotas, Fran e Mirian, vivendo em um casarão de campo e que atraem homens até o castelo para orgias que terminam em banho de sangue, Vampyres vale acima de tudo por sua atmosfera. O filme nada mais é do que uma sequência de cenas com a única função de serem apreciadas em sua beleza visual e imersão climática. E "beleza visual" também inclui a farta anatomia de Mariane Morris tirando a roupa, além da beleza naturalista dos bosques e estradas interioranas (filmados no interior da Inglaterra). E como muitos de seu gênero, o casarão também é uma das estrelas e por isso o pessoal vagueia tanto e explora as dependências do local, seus subterrâneos, bosques e o cemitério próximo. Tudo fotografado com a luz mais perfeita para a impecável morbidez sombria.
Como um autêntico "filme-lugar", Vampyres pode ser visitado regularmente para a apreciação de sua rara conjunção de elementos favoráveis: a beleza pictórica de sua imagem, a beleza exótica de Fran, a ambiência sombria, a trilha simplória com influência de rock, o desprendimento fantasioso sem maior justificativa e até a cena dos morcegos voando pela escuridão na abertura. Tudo configurando um show sensorial despretensioso que subverte (ou dispensa) as convenções de um entretenimento de massa.
Como acréscimo à narrativa, entra um casal em férias que estaciona seu trailer nas proximidades só para criar alguma interação e aumentar o body count da dupla central. E o casal serve de equivalente ao espectador, em levantar perguntas, acompanhar a ação à distância e xeretar o casarão. Como uma ilustração viva, Vampyres é um dos filmes mais intrigantes e eficientes em capturar hipnoticamente a atenção do espectador sem contar história nenhuma!
• No elenco de atores bissextos, destaca-se Michael Byrne (que entra como o último visitante), um ator lembrado por seus papéis de oficial nazista e que esteve em A Águia Pousou, Uma Ponte Longe Demais e Indiana Jones e a Última Cruzada.
Black Phillip já sabia 🧛🧛🧛🧛
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