Relic (Austrália, 2019)
Com Robyn Nevin, Emily Mortimer, Bella Heathcoat, Steve Rodgers, Chris Bunton.
Time Waits For No One. Kay e sua filha, Sam, passam uma temporada na casa da matriarca octogenária que desapareceu por três dias e retornou, aparentemente sem danos. O comportamento da senhora Edna é bastante instável indo de momentos de lucidez a outros de absoluta demência. Ela não reponde sobre seu desaparecimento e raras vezes dá sinais de reconhecer a filha e a neta. Intrigadas, Kay e Sam dedicam uma temporada de convívio com senhora sem se dar conta de que algo mais parece habitar a casa.
Relic se insere na proposta contemporânea dos dramas empoderados dirigidos e protagonizados por mulheres. Na proposta diferenciada do filme temos uma narrativa que carrega seu mistério por mais de uma hora até sugerir que a matriarca pode estar sendo vítima de uma possessão. Sem pistas fáceis e sugerindo que a própria casa guarda emissões maléficas, Relic dispensa a adrenalina e a narrativa cardíaca para um filme de intimismo e mistério envolvendo os dramas pessoais das três mulheres. Corre o risco de desinteressar o espectador lá pela metade do filme, mas como alternativa, oferece um mistério envolvente sobre convívio de gerações e a fragilização física e emocional na terceira idade.
No conflito direto de Edna com a filha e a aproximação com a neta, o filme se concentra mais no drama, só que impulsionado por motivos sobrenaturais. Também existe a questão, mais sutilmente colocada, da corrosão temporal sugerida nas infestações de bolor pela casa, pelos vitrais, e até pelas pessoas! "Tudo deteriora", diz o cartaz... Assim o grande vilão, a grande assombração enraizada na casa pode ser o tempo e seus processos implacáveis!
Com a direção decidida da estreante Natalie Erika James e um acabamento visual bem adequado de tonalidades dessaturadas, Relic é um aperitivo fantástico, uma curiosidade que dispensa vícios mercadológicos para uma postura muito própria.
• Enigma assustador: a figura feita de bolor.
Expectativa 👵👵 Realidade 👵👵
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