Ao voltarmos para casa já era noite fechada e tão logo fui subindo as escadas, tive um estranho pressentimento de que algo errado pairava no ar. A porta principal, que sempre deixava fechada a ferrolho, estava aberta.
Virou raridade este mediano suspense, habitual à produção dos anos 70. Pat Montandon é uma entrevistadora e apresentadora de TV que teve destaque em sua San Francisco natal e foi famosa especialmente por suas festas e recepções. Neste romance ela narra a crescente possessão de sua casa por uma indefinida força opressiva.
Pat vive entre seus afazeres profissionais na TV e festas concorridas, decorrentes de seu status de celebridade midiática. Até que, em uma festa temática repleta de cartomantes, leitores de Tarô e videntes, ela é amaldiçoada por uma bobagem corriqueira. Daí em diante seus dias são um crescente de desencontros e a casa em que vive se torna um local de insuportável incômodo. O frio é constante, os apartamentos vizinhos começam a ser tomados por tipos misteriosos e viciados, sua carreira começa a passar por tropeços.
O livro tem um desenvolvimento repleto de futilidades e pequenas excentricidades, como se estivéssemos vendo um episódio de As Panteras. A curiosidade é que não se pode saber onde termina o fato e começa a ficção. É uma pena que a autora erre em se concentrar em aspectos emocionais e trivialidades e desenvolve sua obra sem explorar aspectos atmosféricos ou evolução dramática (afinal é um suposto relato factual).
O negativismo da casa continuava se manifestando sob vários modos. Era como se num dia ela parecesse sombria e melancólica, e em outro, feia e ameaçadora; ou ainda, em certas ocasiões, que fizesse desabar furiosamente sobre mim uma imensa raiva, há muito contida.
Como curiosidades extras temos a visita a Anton Sandor La Vey em um episódio, e um apêndice final com a reprodução de documentos, cartas e reportagens que supostamente confirmariam o relato do livro ser verídico. Mas se formos considerar a tradição das escritoras femininas no fantástico, e em especial no gênero casas assombradas, Os Intrusos perde feio. Acaba parecendo apenas uma excentricidade limitada ao circuito celebrity da autora....
Acredito ter apresentado ao leitor evidencias suficientes para mostrar que há um mistério genuíno e insolúvel, na casa de Lombard Street. O mistério permanece. Os acontecimentos que se desenrolaram naquele quarto, na noite de 20 de junho de 1969, ainda são desconhecidos para mim.
Enrolado e alongado em detalhes
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Horror kitsch da safra anos 70
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