Doors (EUA, 2021)
Com Julianne Collins, Kathy Khanh, Aric Floyd, Josh Peck, Lina Esco, Kyp Malone, Kristina Lear, Darius Levante.
Enigmas em tempos de pandemia. Curiosa produção econômica narrada em episódios distintos, todos sobre a mesma situação: superfícies alienígenas começam a aparecer em pontos aleatórios pela Terra e as pessoas desaparecem em contato com elas. As que conseguem voltar, estão alteradas em seu comportamento mental. Logo a humanidade se mobiliza para compreender o fenômeno e tentar descobrir se os portais obedecem a alguma inteligência extraterrestre.
Cobrindo um período de pouco mais de cem dias, a história composta pelos episódios tem óbvio paralelo com a pandemia mundial, inclusive nos aspectos técnicos da produção. O filme adapta muito bem os vazios urbanos, simplicidade técnica e economia de personagens a sua narrativa. No primeiro episódio (Lockdown), quatro alunos do ensino médio ficam retidos em seu colégio em pleno momento da chegada dos portais. Semanas mais tarde, em Knockers, voluntários são recrutados para entrar nos portais e relatar a experiência. Em quinze dias, mais de um milhão de portais apareceram pela Terra e quem os atravessa tem a percepção da realidade alterada em alucinações. Um pouco mais adiante, em Lamaj, um cientista consegue estabelecer contato com um dos portais através de um sistema de som. E finalmente na sequência de encerramento, uma entrevista online traz a visão de um cientista sobre a possível "evolução cósmica" das pessoas submetidas aos portais. Uma nova consciência expandida sobre as relações humanas e configurações sociais parece estar tendo início com a chegada do fenômeno, ocorrendo em escala planetária.
Composto por belas imagens de natureza, Doors é intrigante em todos os sentidos. O foco principal é justamente o paralelo que o filme faz com a situação social contemporânea à Covid e a necessidade urgente de repensar e reorganizar estruturas. Nesse processo, o filme insere-se como uma variante em horror-cósmico. É sugerido que o fenômeno dos portais esteja influenciando e estudando os humanos com a intenção de revitalizá-los (os paralelos com 2001 são claros), mas os resultados são duvidosos: da rivalidade dos alunos do primeiro episódio ao encerramento com o doutor entrevistado (estranhamente inebriado), ficam dúvidas sobre como a raça humana reage a mudanças.
Tecnicamente, o filme faz uma ótima adaptação de meios contemporâneos para sua narrativa direta. Drones, slides de texto e narrações em off (do entrevistador do último episódio, Martin Midnight), não temem a obviedade informativa para a constituição de sua história. Ainda assim, o filme é repleto de pistas sutis, como a agressão entre os estudantes sob influência do portal, os pássaros desorientados ou as visões poéticas da protagonista de Knockers ("Você é como uma onda. Você flui", "Cansei de ser uma pedra").
Belo e enigmático, mas sem maior ambição, Doors é um interessante indicador da produção contemporânea em um momento de reavaliações. Um modesto termômetro cultural em tempos de mudança...
• Melhor efeito: as superfícies dos portais que sugerem fungos em movimento, ou superfícies magnetizadas.
• O idealizador e roteirista do projeto, Chris White, tem um filme semelhante, Portals (2019).
Expectativa 🚪🚪 Realidade 🚪🚪
...breaking through to the other side... |
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