Il Nido (Itália, 2019)
Com Justin Korovkin, Ginevra Francesconi, Francesca Cavallin, Maurizio Lombardi, Fabrizio Odetto, Valentina Bartolo.
Eles são a lenda. Terror dramático de insuspeita austeridade e mistério. O jovem Samuel vive em um palacete de campo sob os cuidados extremos de seus familiares. Samuel sofreu um acidente na infância e sua paralisia nas pernas é um motivo a mais para a família cobri-lo de atenção e cuidados. Mas algo parece muito fora da normalidade na rigidez excessiva das regras que servem à organização do lugar. Da disciplina das aulas de piano à submissão dos empregados, tudo parece suspeito de um grande mal que cerca a região e que precisa ser evitado a todo o custo, especialmente para o bem de Samuel. Mas com a chegada de Denise, uma bela e jovem camareira que passa a trabalhar no casarão, Samuel começa a questionar e duvidar das regras impostas.
Soturno e impecável em seu desenvolvimento dramático, Il Nido é uma variação dramática em apocalipse com espaço a uma visão social muito curiosa. Denise apresenta para Samuel a musica popular (rock) quando eles se aproximam. Até então ele só ouvia e praticava clássicos. Denise sabe atirar com rifle e fuma à vontade e tudo o que os cuidadores de Samuel, especialmente Elena, sua mãe, não querem é o interesse do garoto pelo mundo externo. O jovem é mantido em um ambiente quase vitoriano, de conveniências e segredos no qual mesmo as revelações de Elena servem a compor uma verdade idealizada para a vida do rapaz. Elena está disposta a manter essa idealização até mesmo pelas vias da violência. E quando Denise a confronta, questionando o futuro de Samuel, acaba tendo que enfrentar uma situação aterradora pelas mãos do médico da família.
Com uma narrativa comedida e lenta, Il Nido joga informações muito economicamente em sua estrutura. Quando uma criada tem visões pelos corredores, fica a sugestão de uma contaminação que pode ter se infiltrado no casarão. Agora, quando a própria Elena revela suas tendências suicidas, o drama todo ganha uma apavorante dimensão de intransponível loucura. Mas a maior demência é a obstinada manutenção de virtudes burguesas das quais Elena não abre mão na formação do filho.
É verdade que o filme poderia ter empregado uma voltagem dramática maior, mas o resultado ganha pontos em sua integridade mórbida sem ceder à apelações, além do constante clima sombrio e claustrofóbico da fotografia. Assim como a rigidez dos planos centralizados para a sugestão de um estado paralisado e imutável de clausura. E resta a ironia maior na situação mantida pela matriarca em sua idealizada reclusão, o sonho burguês da segurança e isolamento de um mundo que se degenerou.
• A classe trabalhadora se rebela: Greta prefere se enforcar à continuar sob a pressão de Elena. Clara abandona a segurança do casarão e se entrega a sorte no exterior...
• O diretor faria em seguida o divertido Um Clássico Filme de Terror.
Expectativa 🐦🐦🐦 Realidade 🐦🐦🐦
Neste ninho não há estranhos.... |
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