A cabeça encapuzada moveu-se. Richardson quase entrou em pânico. Voltando-se, caminhou rapidamente para o corredor. Bruscamente este se encheu de um aluz estranha, obrigando-o a voltar. A figura encapuzada movia-se na direção dele, segurando um bastão, um tubo, ou um raio de luz - parecia uma lâmpada fluorescente. Uma espada?
• Modesto romance de suspense que se tornou uma raridade em nosso mercado. A Maldição conta sobre o drama de moradores de um edifício em Nova York que precisam abandonar o local, prestes a ser demolido. Entre eles Peter Richardson vive um drama um pouco mais sinistro: sofre com visões e sons que o assaltam à noite e perde o contato com Ozzie Goulart, um morador que simplesmente desapareceu do edifício sem deixar rastro depois de se envolver com ocultismo.
Com texto ligeiro e meio displicente – que, para piorar, parece ter recebido uma tradução descuidada – o autor não se esforça muito em desenvolver ou estimular a leitura do mistério que propõe e divide a narrativa entre o desaparecimento de Ozzie e as investigações do advogado Willow pela história de Joseph Tully, imigrante inglês que teve uma vida de grandes dificuldades e tragédias pessoais na América.
Ficando em cima do muro, entre a densidade dramática e uma mera narrativa de mistério e ocultismo, A Maldição falha em diversos momentos de detalhes inúteis e dramas que nada acrescentam ao conjunto. A exposição de personagens é meio desinteressada a ponto de, excetuando Richardson e Willow, ficar difícil saber quem está falando com quem – novamente é caso de desconfiar que a tradução se empenhou muito pouco em adaptar decentemente o texto para o português...
Quanto aos perigos de sua estrutura, o autor leva mais da metade do livro para acentuar as ameaças que rondam Richardson e as motivações investigativas de Willow só se justificam no final. Cético e desconfiado, Richardson só cederá a uma sessão de exploração espírita no epílogo. E será preciso paciência em arrastar a leitura até o final para fazer a conexão de todo o suspense construído e o sinistro prólogo medieval do livro.
Os gritos erguiam-se em vagas, misturados a palavras incoerentes dirigidas ao cavalheiro que se encontrava no centro do trio, cofiando, pensativo, a barba. Gritos de agonia, gritos de súplica. O armeiro ergueu a lâmina e, num golpe rápido, mergulhou-a no pescoço tenso. A cabeça do homem rolou no chão.
Resumindo o falatório: A Maldição tem uma premissa bacana, mas é desenvolvido sem muito empenho.
• A maior curiosidade, acaba sendo o texto na capa que sugere uma adaptação cinematográfica que parece nem existir! Marketing apressado ou picaretagem descarada?!
The Search For Joseph Tully, William H. Hallahan, 1974
Editora Record, Rio de Janeiro, RJ, 197?
217 páginas
Li esse livro na adolescência e minha impressão foi exatamente essa. Mas o lado passional pesou mais e acabei de encomendar um exemplar pela Estante Virtual...
ResponderExcluiroi Ravel, obrigado pela visita e comentário! Legal é que nosso mercado pop-pulp-B tem coisas bem interessantes esquecidas nas prateleiras dos sebos! Pena que alguns estão absurdamente caros!
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