18 de março de 2022

O Satanista - Guerra Fria com tempero ocultista

O Satanista


Falou então sobre os corpos celestes, as influências que exerciam sobre os corpos humanos e como tais influências  podiam ser utilizadas para apoiar os interesses dos iniciados, que aprendiam o segredo de sincronizar seus atos com os raios cósmicos mais favoráveis.

• Aventura de espionagem com toques ocultistas que acaba deixando a desejar em ambas as áreas. De estilo detalhista e meticuloso, Dennis Wheatley desfila sua narrativa com propriedade e segurança, mas erra no falatório sobre as ações em vez de se entregar a elas! E o texto se arrasta perigosamente com entrevistas, comentários políticos e divagações dos personagens.

A trama se divide entre dois personagens com interesse romântico, Mary Morden e Barney Sullivan, ambos à serviço do coronel Verney (personagem de Uma Filha Para o Diabo), que investigam as atividades de grupos comunistas ligados a práticas ocultistas. Mary quer descobrir os assassinos de seu marido e acaba perigosamente envolvida na seita como neófita e depois como iniciada nas artes ocultas. E cabe ao apaixonado Barney se empenhar no resgate da garota infiltrada, em uma trama que termina com o roubo de uma ogiva de bomba H e a ameaça de destruição de uma cidade inteira.

Ainda que avisemos antecipadamente aos russos, eles jamais acreditarão que não fomos nós que lançamos o foguete. Minutos após a explosão revidarão, lançando sobre a América e a Grã-Bretanha tudo o que têm. A qualquer momento o mundo pode explodir em chamas.

Em linhas gerais O Satanista é uma aventura de espionagem com algum tempero sobrenatural. Mas é uma amostra fraca de um autor conceituado no fantástico britânico (The Devil Rides Out), prejudicada ainda pela sugestão "afro" totalmente equivocada na capa. E na questão sobrenatural, o autor despeja na mistura uma infinidade de referências, entre hermetismo, crenças espíritas, satanismo, telepatia, Golden Dawn, noite de Walpurgis... Pena que as sequências de horror sejam tão poucas, e servem mais a exotismo do que a caracterizar o trabalho como obra fantástica. O ponto fraco, infelizmente são as muitas passagens de análise política, que situam o romance como contemporâneo ao James Bond literário, jogando com visões datadas de polarização política. 

A única esperança para a humanidade é uma nova ordem iniciada com a eliminação de todos os governos imperialistas e capitalistas, que os Estados Unidos, com seus interesses petrolíferos e grandes negócios, encontram-se na raiz de todos os males que afligem a humanidade.


Leitura Radical
Pouco satanismo, muita espionagem.

Leitura Passional
Ligeira curiosidade de época.
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O Satanista
The Satanist, Dennis Wheatley, 1960
Editora Record, Rio de Janeiro, RJ, 197?
410 páginas

O Satanista

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