Kadaver (Noruega, 2020)
Com Gitte Witt, Thomas Gullestad, Thorbjorn Harr, Tuva Olivia Remman, Maria Grazia di Meo, Kingsford Siayor.
Algo de podre no reino da Noruega. Drama e terror ambientado em um mundo futuro destruído por uma guerra nuclear. Produção acima da média, especialmente considerando que é o primeiro longa de um jovem diretor. Conta o drama de Leonora, seu marido Jacob e sua pequena filha Alice que sobrevivem como podem em um mundo recém destruído. A fome é constante e a reconstrução social parece algo muito distante. Ainda assim alguns grupos dispostos levantar o ânimo dos sobreviventes se manifestam pelos espaços urbanos. Um desses grupos convida pessoas aleatoriamente pelas ruas para um grande banquete e um espetáculo em um grande teatro. Leonora, Jacob e Alice comparecem e logo descobrem que o local pode servir de cárcere aos que inadvertidamente entraram. Pior ainda é descobrir o destino a eles reservado.
Entre encenações aleatórias que ocorrem no palco e fora dele, Leonora começa a desconfiar das intenções que moveram os organizadores e quando Alice desaparece, ela e o marido iniciam uma desesperada busca pelo imenso prédio. O grupo de convidados se dispersou pelo local e entre fugitivos, atores e funcionários de cozinha, fica bastante difícil saber o que é encenação da peça apresentada e o que é real.
Entre o surreal e o distópico, Kadaver encarcera personagens e a atenção do espectador em sua sombria atmosfera de luzes econômicas e suspense constante. A direção de arte darioargentiana é exemplar em seus vermelhos sufocantes e decrepitude de porões e passagens alternativas. É um filme modesto em todos os sentidos, mas ambicioso em sua integridade, suas pistas (como os cordeiros nas telas neoclássicas) e em seu discurso alinhado a causas socias contemporâneas. Como uma grande alegoria social, Kadaver é bastante eficiente (como O Poço) em deixar bem claras suas ideias sobre dominação e desníveis sociais que facilmente resvalam em violência a qualquer momentos de crise. E os elementos da trama se revelam facilmente: cidadãos médios desnorteados entre ações suspeitas, ameaças reais e uma elite dominante que usa de recursos cênicos para despistar e encobrir as reais articulações para sua manutenção.
• Referência 2 (spoiler): o destino do cidadão como na ficção científica Soylent Green.
Expectativa 😈😈 Realidade 😈😈😈
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