Re-Animator (EUA, 1985)
Com Jeffrey Combs, Barbara Crampton, Bruce Abbott, David Gale, Robert Sampson, Gerry Black, Peter Kent.
Trashilogia! Um dos maiores sucessos do terror nos anos 80, Re-Animator ajudou a consolidar o horror B no consumo da geração VHS! Simplório na produção, mas inventivo e disfarçando muito bem as limitações com sua dinâmica e seu senso de absurdo, assumido de forma desconcertante pelo filme todo. Baseado livremente em um conto de H.P. Lovecraft, conta a aventura delirante de Herbert West, estudante de medicina que desenvolve um reagente capaz de reviver os mortos quando injetado no cérebro.
O problema é que os mortos voltam enraivecidos e descontrolados, o que provoca uma onda de terror e violência onde quer que West faça seus estudos e testes. Transferido para a Universidade Miskatonik, suas defesas provocarão a desconfiança do doutor Hill a ponto da relação evoluir para a violência.
Re-Animator é didático em sua narrativa dinâmica para disfarçar seus absurdos e emprega uma comicidade mórbida que cai perfeitamente bem ao conjunto. Acumulando situações que variam do ousado ao cômico, o filme não perde o ritmo em nenhum momento. Os destaques são vários, como o primeiro corpo reanimado, um brutamontes que dificilmente será controlado, ou a cabeça decepada que é reanimada sobre a mesa, ou ainda a cabeça de manequim colocada para disfarçar a decapitação! Chegando ao cúmulo da célebre sequência da cabeça decepada molestando a garota nua sobre a mesa! Insano, escroto, sangrento, hilário, inesquecível, Re-Animator se mantém muito bem até hoje em seu clima de farsa descompromissada como uma macabra sessão de matinê.
O merecido sucesso gerou uma sequência e em 1990, o produtor de Re-Animator, Brian Yuzna assumiu a direção de Bride of Re-Animator, com a mesma equipe e o acréscimo dos efeitos do técnico Screamin Mad George na criação das bizarrices animadas. Agora, oito meses depois dos eventos na Universidade Miskatonic, West e seu parceiro Dan, se empenham em novas variantes do soro reagente que pode atuar em partes isoladas do organismo, mesmo que separadas do conjunto corporal. E com partes colhidas de um necrotério, West e Dan tentam reviver a jovem Gloria, morta prematuramente.
Bride of Re-Animator repete a dose de humor macabro e a dinâmica do filme anterior, pena que falhe na falta de mais situações que o sustentem. Mas é um detalhe menor que só aparece na comparação entre os filmes. A sequência tem bizarrices suficientes para agradar como a criatura composta de dedos e um olho (em perfeito stop-motion), ou as combinações corporais que escapam do porão ao final e, melhor de tudo na escala humorada, a cabeça do doutor Hill aqui ganhando asas de morcego para sua locomoção! Pena que apareça tão pouco, assim como a personagem de Gloria, que serve mais à justificar o título.
Yuzna e Combs voltariam em uma outra reanimação ocorrida em 2003, com o título Beyond Re-Animator. Produzido na Espanha e contando também com o maquiador Screamin Mad George. Beyond mantém o espírito da série em sua sucessão de maluquices em suspensão humorada. Agora é a história do jovem doutor Howard Phillip (come again, please!) que atende na enfermaria de um complexo carcerário e conhece Herbert West entre os internos. Logo uma parceria nasce e logo ambos estarão se entregando a novas experiências em reanimação.
Beyond é bem melhor do que se poderia supor, simplesmente porque não tenta renovar nada. Assume a mesma postura anárquica dos dois filmes anteriores em uma maratona de bizarrices na segunda parte. Tropeça constantemente em ritmo e soluções narrativas, mas se recupera no mesmo ritmo, pela sucessão de situações absurdas envolvendo os internos da detenção que se contaminam em massa. O único problema é a distância de mais de dez anos dos filmes anteriores.
Destaque a Santiago Segura (de O Dia da Besta) como um dos internos viciados que experimenta o soro.
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