Occhiali Neri (Itália, 2022)
Com Ilenia Pastorelli, Asia Argento, Andrea Zhang, Mario Pirrello, Fabrizio Eleuteri, Maria Rosario Russo.
Auto Fan Film! Então né.... Recentemente postamos aqui uma seleção de filmes de diretores veteranos do horror e suspense. Argento ficou de fora pois sempre se manteve na ativa, produzindo ou dirigindo, veja que beleza ficou She Will com a produção do mestre. Mas os altos e baixos nos filmes que vem dirigindo recentemente têm deixado os fãs preocupados (eu fico...). Este Occhiali Neri é um caso sério de teste de fidelidade para qualquer devoto do cinema delirante de Dario Argento. Se seus filmes se caracterizaram por virtudes técnicas mais do que por roteiros criativos ou direção de atores, aqui a coisa toda se complica perigosamente, pois com direção praticamente nula, o filme se compõe de um monótono alinhamento de cenas comuns.
Tudo isso de apresentação pra quê? Só para dizer que Occhiali Neri ficou mais parecendo um filme de algum apreciador do cinema de Argento do que um obra do próprio diretor. Crueldade comparar com seus clássicos do passado? Claro que é, mas Argento foi satisfatório e divertido mesmo nas óbvias e assumidas reciclagens de suas fórmulas consagradas como em Trauma, Giallo, ou Nohosonno, mas por alguma condição senil, nada funciona satisfatoriamente aqui e o filme se arrasta em uma curiosa forma fílmica indefensável (eu vivi para escrever isso sobre meu ídolo!!!....).
Occhiali Neri conta o drama de Diana (Ilenia Pastorelli), uma prostituta de luxo que passa a ser seguida por um cliente depois de se recusar a atendê-lo. Pior: o cliente é um louco homicida e logo a perseguição se torna violenta. Diana perde a visão depois de um acidente automobilístico e precisará se adaptar à nova realidade contando apenas com a ajuda de Chin, um garoto chinês que perdeu os pais no mesmo acidente que vitimou a protagonista.
Revisitando diversos elementos habituais em seu cinema, o diretor incorre aqui no grave erro da indulgência na direção de atores. Isso nunca foi preocupante, ou afetou seus filmes negativamente, mas o problema agora é que a ausência da excelência técnica que sempre fundamentou seus filmes gera um resultado miseravelmente displicente. A automatização das falas e ações físicas saltam negativamente a cada sequência e o que em dias melhores foi superado pela mise-en-scene tecnológica para a imersão incondicional do espectador, simplesmente não acontece em Occhiali Neri! Ainda assim é possível levantar os pontos favoráveis como a ausência de enfeites digitais, a técnica imbatível de Sergio Stivaletti em alguns bons derramamentos de sangue, alguns quadros que remetem à golden age do diretor e a curiosa sequência de eclipse na abertura. Resta a esperança de que Occhiali Neri seja apenas um aperitivo trivial da maturidade de Argento e que ele ainda venha com um grande filme antes de sua aposentadoria.
• Memorável: a primeira morte.
• Desperdício: Asia Argento em participação automática.
Expectativa 😈😈😈 Realidade 😈😈
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