Danza Macabra (Itália, 1964)
Com Barbara Steele, Georges Riviere, Margrete Robsaham, Arturo Dominici, Silvano Tranquilli, Umberto Raho.
Os olhos de Barbara! Simples assim: um clássico do gótico italiano! Entre inúmeras produções no gênero impulsionadas pelo êxito de A Máscara do Demônio de Mario Bava, esta produção parte de um conto de Edgar Allan Poe e desenvolve uma estrutura muito peculiar de narrativa. A história é bastante simples e lembra um dos inúmeros contos de literatura fantástica em sua construção.
Alan é um jornalista do periódico Times que encontra o escritor Edgar Allan Poe em uma estalagem em uma conversa com o Lord Blackwood. O barão o convida para o desafio de passar uma noite em seu castelo justamente na Noite dos Mortos, uma noite em que todas as almas que ali morreram voltam e revivem seus destinos. O cético jornalista aceita o desafio disposto a escrever um artigo e descobrir a verdade sobre os possíveis truques de enganação do Lord, mas quando conhece Elisabeth seus sentidos e percepção se alteram. Alan pode ser o próximo desavisado a ser tragado pelas forças do local se se deixar levar pelos encantos de Elisabeth!
Então este Danza Macabra parte dessa situação simplória para tentar um formato bastante original de narrativa e forma geral. Da obviedade da situação de abertura, às andanças pelo casarão, até as revelações-surpresa e o choque final, o filme alterna incrivelmente bem seus ingredientes. A começar pelas infinitas andanças solitárias do jornalista pelos ambientes, a imersão atmosférica antecipa os futuros filmes-happening como em Jean Rollin. Alan testemunha as vidas que por ali passaram como em um filme de episódios. E o conjunto é temperado por surpresas diversas, como a violenta apunhalada em Elisabeth, insinuações de lesbianismo, um cadáver respirando na tumba, e até o vampirismo revelado nem é usado como possibilidade de potencializar a narrativa, afinal o assunto do filme é o entorpecimento causado pelo ambiente. Dessa forma, a pobreza do argumento original ganha uma sofisticação formal notável, além de força imersiva quase hipnótica. Se isso tudo se deu por talento artístico ou vale-tudo de produção, jamais saberemos...
O importante é que Danza Macabra se mantém historicamente como um grande representante dos góticos de seu período. Se você perdoar a direção antiquada nos pronunciamentos solenes dos mortos, certamente vai se deliciar com o clima mórbido, a incrível fotografia climática, a escuridão constante e Barbara Steele mais bela do que nunca.
• Menção desonrosa: O veterano Silvano Tranquilli, de inúmeras produções B italianas, faz aqui um E. A. Poe com a pior caracterização possível do escritor.
Expectativa 😈😈 Realidade 😈😈😈😈
...mais do que Elvira, mais do que Mortícia: Barbara Steele! |
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