Skinamarink (EUA, 2022)
Com Lucas Paul, Dali Rose Tetreault.
Filme conceito. E não é que conseguiram fazer um filme mais barato que A Bruxa de Blair?! Ambientado nos anos 90 e com uma captura de imagem granuladíssima e escura, Skinamarink é o extremo conceitual em filme barato e alternativo. Descaradamente simplório e lento é uma produção que se arrisca demais na dependência da atenção (e infinita paciência) do espectador. Praticamente sem diálogos, recorre às enigmáticas e casuais imagens residenciais para sua constituição.
A lentidão na constituição de sua narrativa também é incômoda, mas também é seu trunfo na imersão do espectador e uma vez percebida a lógica interna, a imersão é apavorante. Kevin e Kaylee são irmão e irmã cujos pais desapareceram de casa. Enquanto passam o tempo e procuram pelos pais, os irmãos começam a ser sondados por alguma entidade que acabará interferindo na situação.
Narrado com um mínimo de frases sugestivas e imagens por vezes indecifráveis, o filme envolve os sentidos desde as primeiras cenas, em ponto de vista infantil (contra-plongées) em andanças pela casa escura e iluminação por lanternas. Assim, a atmosfera é garantida e o vazio espacial cria uma medonha expectativa a cada minuto e para manter essa atenção, alguns jumps entram na receita conceitual. A base da narrativa é criar um filme pelo ponto de vista das crianças em completo abandono, com brinquedos espalhados pelo chão, televisão constantemente ligada e comunicação em sussurros. A presença dos pais é reduzida a um único momento e bastante sugestiva: o pai fala de um acidente com Kevin e a mãe é ouvida chorando em outro momento!
Para esse efeito de desorientação, diversas imagens indecifráveis vão sendo alinhadas entre os ambientes reconhecíveis de uma residência comum. "Comum" até certo ponto pois as portas desapareceram e os desenhos na TV sugerem uma prisão física e temporal (um dos cartuns se repete como um disco riscado!). E quando os pontos de vista se deslocam para o teto e uma voz pavorosa começa a se comunicar com Kevin, o filme chega onde queria, mas agora o espectador já está preso ali dentro como os personagens...
Partindo da alternativa estética do "menos é mais", Skinamarink é tão genial quanto cara-de-pau em sua confecção. Questionável em muita coisa, especialmente sua duração de 100 minutos (afinal, é uma prisão...), é um filme aventureiro em sua proposta e seu risco em frustrar o espectador pela trivialidade visual. Mas é tão intrigante quanto, por exemplo, Ghost Story, uma aventura narrativa que, para funcionar em interesse e decifração, depende (demais até) da disposição de quem assiste.
Expectativa 😈😈 Realidade 😈😈
As definições de 'minimalismo' foram atualizadas... |
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