Un Sussurro Nel Buio (Itália, 1976)
Com Nathalie Delon, John Phillip Law, Alessandro Poggi, Adriana Russo, Joseph Cotten, Olga Bisera, Lucretia Love.
Nem todo suspense é giallo! Apesar de ter um histórico estigmatizado pela repetição de fórmulas desde as comédias do pós-guerra, passando por dramas, faroestes e góticos, a produção italiana fez tanta coisa no mercado pop e tanta variante nas regras que sempre seremos surpreendidos na busca pelos menos citados. Este Sussurro Nel Buio é um grande exemplo de tentativa de escapar do pop mercadológico mas sem se distanciar da narrativa popular.
Em um período em que o clássico modelo dos giallos começava a esfriar, Argento havia feito o definitivo Profondo Rosso no ano anterior e o gênero, assim como os spaguetti western ou os poliziotto, se caracterizava pela redundância. Nesse cenário, este pequeno thriller sobrenatural se destaca como um primor de modéstia. Um exercício em singeleza. O filme conta sobre a rotina da família de um rico arquiteto em seu casarão de campo. O patriarca Alex (John Philip Law) parece pouco interessado nos afazeres gerais, especialmente os das crianças. Sua esposa Camilla (Nathalie Delon) está traumatizada por ter perdido, no parto, seu filho Luca. Mas Camilla tem outro filho, Martino, que, para sua surpresa e pavor, tem um amigo imaginário chamado... Luca! Seria possível que o espírito do pequeno falecido ronde pela casa? Qual explicação teriam os acontecimentos misteriosos que ocorrem e o suposto poder do jovem Martino sobre as ações alheias?
Em linhas gerais Un Sussurro Nel Buio é um primo-pobre de Inverno de Sangue em Veneza. Tem até uma cena de intimidade do casal, meio deslocada do geral, e a bela música de Pino Donaggio também investe nos cânones barrocos, mas o clima de crescentes ameaças é tão sutilmente construído e desenvolvido que o filme se distancia muito (mas muito mesmo) da extravagância habitual ao cinema italiano, especialmente considerando o que se fazia em suspense e horror nesse período. Mas isso não configura uma falha ou uma deficiência, o diretor Aliprandi consegue uma fluência suficiente de eventos e o clima de mistério que ronda o casarão é mais encantador do que preocupante. A curiosa e poética cena da brincadeira do beijo no pic-nic, é a tônica do filme todo em sua delicadeza macabra.
Expectativa 👿👿 Realidade 👿👿👿
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