Altered States (EUA, 1980)
Com William Hurt, Blair Brown, Bob Balaban, Charles Haid, Thaao Penghlis, Charles White-Eagle, Dori Brenner.
Cinema alterado. Drama e ficção-científica pelas mãos do aventureiro Ken Russell. Inevitável a expectativa ser maior que o resultado, mas Altered States tem a marca do experimento e do cinema sem limites do diretor, um talento visionário daqueles que, como John Huston ou Orson Welles, se lançava a desafios arriscadíssimos, nem sempre se dando bem...
Altered States conta a aventura do cientista Eddie Jessup (William Hurt) que faz pesquisas com regressão a experiências passadas. Em suas tentativas de explorar memória genética, que supostamente contem registros centenários de memória, ele viaja para o México e participa de uma cerimônia indígena, onde prova uma droga conhecida entre os nativos como "a primeira flor"! Quando volta às regressões, em um tanque de isolamento, estimula as experiências com drogas e as consequências começam a lhe causar alteração física! Eddie passa a experimentar sensações anteriores à sua existência e a regredir a formas primitivas de vida. Talvez vá além delas se continuar...
Fascinante e envolvente, o filme chegou um pouco atrasado para a cultura alternativa, para o psicodelismo e a geração que experimentou expansão de consciência através de aditivos externos. Curiosamente, o assunto "drogas" ficaria relegado posteriormente a temas de marginalidade no cinema. Mesmo assim, o filme guarda seu fascínio enquanto cinema de experiência. Confira a direção de arte repleta de citações (a mais óbvia seria lembrar de O Grito de Munch), mas em momentos isolados temos Eddie chegando à festa ao som de Doors, os delírios profanos, o Cristo com cabeça de bode, as profundidades espaciais dos pintores modernistas e citações a Klimt nos momento de intimidade do casal central.
– Curte o Klimt? – Eastwood? Ou Gustav? |
Com verba suficiente, o delírio dos efeitos especiais freak, e a "dinâmica histérica" habitual do diretor, só se lamenta o final abrupto que finaliza o drama de forma pouco satisfatória (enquanto narrativa cinematográfica). O que dizer da sequência final em que Eddie "contamina" a esposa e logo em seguida ambos são salvos por uma espécie de "abnegação amorosa" e atenção mutua?
Infelizmente o filme atravessou diversos problemas de produção: foi o primeiro filme no mercado norte-americano do diretor, que teve vários atritos com o autor do romance, Paddy Chayefski e com a produção cara do filme. O roteiro irregular também compromete por seus episódios isolados que parecem não se cumprir adequadamente. Resumindo o falatório: Altered States pode decepcionar pelo final, mas é uma daquelas bizarrices cinematográficas (ou weird) que sempre merecem uma checagem, e que parecem ficar melhor com o passar do tempo.
Black Phillip já sabia 👿👿👿
...ô tadinho, primeiro filme... |
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