13 de março de 2023

O Último Capítulo

I Am the Pretty Thing That Lives in the House (Canadá, 2016)

Diret Oz Perkins
Com Ruth Wilson, Paula Prentiss, Bob Balaban, Erin Boyes.

O Último Capítulo

Sloooow motion ghost. Estranhíssimo drama sobrenatural que nem cabe em rotulações clássicas. Tem fantasma, mas não é terror, tem suspense, mas não é um thriller, tem jump (um jump!), mas não se relaciona em nada com o terror-pipoca de mercado. Sua virtude é a integridade dramática e o alto risco em assumir sua proposta alternativa e desagradar ao espectador que relaciona filme-de-terror com filme-que-dá-medo.

A premissa, simplíssima, é sobre uma enfermeira que cuida de uma velha escritora em sua casa, e a casa pode estar assombrada. Lily é a enfermeira que aceita o trabalho de cuidar de Iris Blum, uma escritora de romances fantásticos, que agora está envelhecida, enlouquecida e isolada em sua casa. Um dos romances com os quais a impressionável Lily se envolve, fala sobre um crime ocorrido na casa e a possibilidade do corpo da vítima ter sido emparedado. Lily começa a suspeitar de que o espírito da morta perambula pelo local, como se o fantasma criado pela escritora estivesse assombrando a moradia.

Como citado, o grande risco do filme é assumir um tempo narrativo diferenciado que pode cansar o espectador habituado ao thrill emocional constante da produção de massa moderna. Mas uma vez compreendida a proposta de narrativa em câmera-lenta resta se deixar levar pela lentidão hipnótica. Lily sussurra consigo mesma as leituras, as conversas com a escritora são mínimas e o filme alterna os fatos passados e as andanças de Lily pela casa em sufocantes silêncios. As pistas se acumulam na construção visual, com a protagonista sendo duplicada (ou fragmentada) em espelhos e fades de cena que podem sugerir desorientação do real. Os bolores infiltrados estão relacionados à morta e aparecem cada vez mais pela casa, até que Lily finalmente tem a visão do fantasma, no único jump do filme. Visão que tanto pode ser a confirmação da assombração na casa ou a perda completa da razão (poderia ser os dois?...).

Sombrio, sutil, intimista e silencioso, O Último Capítulo é um experimento em narração que brinca com um tempo eterno, mais ou menos como em Ghost Story, fazendo o espectador ser envolvido (engolido) pelo tempo estendido assim como acontece com a protagonista.

• O diretor Osgood (Oz) Perkins é filho de Anthony Perkins e a trilha sonora inclui duas citações ao ator: a canção You Keep Coming Back Like a Song, gravada por ele e uma cena do western Friendly Persuasion (trivia IMDB).
• Coisa de pesadelo: o fantasma, com os membros deslocados!
• Melhor cena: o fantasma fazendo Curupira-walk pela casa!
• Pavor: Lily tem um delírio de inchaço e infecção nos braços!!!
• Segundo longa do diretor, que tem especial predileção pelo fantástico. A conferir, The Blackcoat's Daughter, Gretel & Hansel e Longlegs para 2024!

Expectativa 👿👿      Realidade 👿👿

O Último Capítulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário