I Am the Pretty Thing That Lives in the House (Canadá, 2016)
Com Ruth Wilson, Paula Prentiss, Bob Balaban, Erin Boyes.
Sloooow motion ghost. Estranhíssimo drama sobrenatural que nem cabe em rotulações clássicas. Tem fantasma, mas não é terror, tem suspense, mas não é um thriller, tem jump (um jump!), mas não se relaciona em nada com o terror-pipoca de mercado. Sua virtude é a integridade dramática e o alto risco em assumir sua proposta alternativa e desagradar ao espectador que relaciona filme-de-terror com filme-que-dá-medo.
A premissa, simplíssima, é sobre uma enfermeira que cuida de uma velha escritora em sua casa, e a casa pode estar assombrada. Lily é a enfermeira que aceita o trabalho de cuidar de Iris Blum, uma escritora de romances fantásticos, que agora está envelhecida, enlouquecida e isolada em sua casa. Um dos romances com os quais a impressionável Lily se envolve, fala sobre um crime ocorrido na casa e a possibilidade do corpo da vítima ter sido emparedado. Lily começa a suspeitar de que o espírito da morta perambula pelo local, como se o fantasma criado pela escritora estivesse assombrando a moradia.
Como citado, o grande risco do filme é assumir um tempo narrativo diferenciado que pode cansar o espectador habituado ao thrill emocional constante da produção de massa moderna. Mas uma vez compreendida a proposta de narrativa em câmera-lenta resta se deixar levar pela lentidão hipnótica. Lily sussurra consigo mesma as leituras, as conversas com a escritora são mínimas e o filme alterna os fatos passados e as andanças de Lily pela casa em sufocantes silêncios. As pistas se acumulam na construção visual, com a protagonista sendo duplicada (ou fragmentada) em espelhos e fades de cena que podem sugerir desorientação do real. Os bolores infiltrados estão relacionados à morta e aparecem cada vez mais pela casa, até que Lily finalmente tem a visão do fantasma, no único jump do filme. Visão que tanto pode ser a confirmação da assombração na casa ou a perda completa da razão (poderia ser os dois?...).
Sombrio, sutil, intimista e silencioso, O Último Capítulo é um experimento em narração que brinca com um tempo eterno, mais ou menos como em Ghost Story, fazendo o espectador ser envolvido (engolido) pelo tempo estendido assim como acontece com a protagonista.
Expectativa 👿👿 Realidade 👿👿
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