The Outwaters (EUA, 2022)
Diret Robbie Banfitch
Com Robbie Banfitch, Angela Basolis, Scott Schamell, Michelle May, Leslie Ann Banfitch.
Sangue e areia. Esse é mais um daqueles casos de alternativo, minimalista, experimental (tudo com aspas), que intriga o espectador na mesma medida em que se arrisca a espantá-lo por sua estrutura incomum e pelas informações que podem ir se perdendo pelo caminho. O resultado pode ser insuportavelmente sem sentido, anticlimático e enfadonho. Ou pode ser fascinante, dependendo da percepção de quem o acompanha...
Basicamente The Outwaters seria uma aventura de horror-cósmico narrada unicamente pelo ponto de vista de uma das vítimas. No formato de found-footage (e mockumentary), o filme é todo em visão de câmera, então já viu, espere por muita tremedeira e incertezas visuais em seus intermináveis 111 minutos. A aventura é sobre Robbie, seu irmão Scott e duas amigas (Angela e Michelle) que visitam uma região remota, no "místico" deserto de Mojave, e se deparam com eventos inexplicáveis. A expedição, que seria para captar imagens para um clip musical de Michelle, acaba virando um pesadelo nos desentendimentos e crescente pavor pelos insistentes estrondos noturnos, luzes e sons. Rapidamente o quarteto de desune e quando o derramamento de sangue começa, o filme se entrega a um caos informativo que vai exigir (e depender) muito da boa vontade do espectador.
A questão maior é que o texto (os diálogos) não entrega muito para a decifração dos acontecimentos e fica ao espectador a interpretação de causalidades e encadeamento narrativo. Exemplo rápido: a asa de avião, quando Robbie vai visitar a mãe (uma trivialidade que serve de tutorial). Então de tremores de terra a ingestão de bebidas e referências aos anos 60, tudo pode significar algo na grande e apavorante aventura do quarteto. Mas ao entregar a narrativa ao deserto e ao pânico instaurado, The Outwaters se arrisca a ser um amontoado de cenas primárias encenadas com "style para causar". Mesmo assim, quem quiser dar uma chance, vai encontrar seus bons momentos como a arrepiante silhueta de machadinha em punho ao crepúsculo, ou o resultado da aventura que coloca os quatro vagando nus pelo deserto e cobertos de sangue!
close encounters of donkey kind |
Basicamente pode-se supor que o quarteto de amigos é vítima de abdução, ou presença de forças extraterrestres em uma área de acesso restrito no deserto. Forças essas que causam desestrutura perceptiva, distúrbios, etc. Sendo assim, os quatro, e outros grupos visitantes na região, podem se tornar uma ameaça uns aos outros!
Um pouco de timeline (tudo vale na decifração narrativa): 7 min, referências a folk e psicodelismo sensorial sessentista - 12m10, a estranha topologia do deserto - 15m20, ingestão de etílicos - 22m, on the road - 40m, trovões misteriosos - 50m, Michelle posando no deserto - 55m20, a silhueta da machadinha - 56m, luz intensa fora da cabana - 57m, sangue + gritaria - 1:04, coisas rastejantes pelo solo - 1:07, sangue na barraca - 1:09m50, "quem sou eu?" - 1:13m20, abdução (será?) - 1:17m, mais gente perdida pelo deserto - 1:30m, indecifrável criatura alienígena no foco reduzido da câmera - 1:38m, placa de "área restrita", destruída - 1:40m, cabeças decepadas - 1:41m, automutilação!
• Pavor inesquecível: a silhueta de machadinha.
• O mais belo bug estético: paisagens viradas ao som de ópera!
• Bug semiótico: visita de cinco burricos no deserto!
• Bug perceptivo: a "volta ao lar" em plena noite no deserto!!!
• Menção honrosa: o ótimo e incômodo design de som.
Expectativa 👿👿 Realidade 👿👿
... falta muito pra escola de cinema? |
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