Performance (Inglaterra, 1970)
Com James Fox, Mick Jagger, Anita Pallenberg, Michele Breton, Stanley Meadows, Johnny Shannon, Anthony Morton, John Bindon.
"É hora de uma mudança"
Por dentro da máscara. Esse é daqueles filmes que recebe todas as rotulagens alternativas sem problema: é cult, é clássico, é alternativo, é visionário, é proibido, é controvertido, é maldito. E é muito mais do que only rock'n'roll. Foi o caso típico da produção que aglutinou em si, diversas referências de sua era como o psicodelismo, a arte pop, as experiências narrativas e estéticas, a expansão sensorial, a cultura alternativa das drogas e vanguardas, e naturalmente o rock, que, no período, ainda não havia sido completamente cooptado pela cultura de massa.
Visivelmente dividido em dois blocos narrativos, Performance começa com as ações marginais de Chass (James Fox) em seus trabalho de aliciações, pressões e ameaças diversas, invariavelmente usando a violência como recado. Mas em uma emboscada vingativa, Chass acaba matando um de seus agressores e precisa sumir de vista por uns tempos. Acaba travando contato com um recluso astro da música pop e consegue se infiltrar em sua decadente mansão. A aproximação a Turner (Jagger) e seu mundo alternativo de extravagâncias, fará com que Chass tenha seus sentidos abalados. Então a velha mansão que serve de ponto de fuga aos dois alienados/marginalizados, serve de encontro e aproximação a ponto de ambos terem suas personalidades trocadas! A possibilidade de fuga, de compensação a insatisfações, através da realidade alheia é a tônica que empurra Performance para suas ambiguidades finais.
A maior virtude de Performance, atualmente, é não ter envelhecido. Escapou de armadilhas de época e se manteve instigante e enigmático. As citações a Jorge Luis Borges e imagens de labirintos são recorrentes e as pistas são várias. Chass, que rejeita o amor livre e o consumo de drogas, acaba tragado pelas circunstâncias e depois de consumir um preparado com cogumelos, percebe que o escape a que se propôs pode ser bem mais amplo e recompensador do que jamais supôs em sua vida marginal. Também são muito presentes as citações ao duplo literário, nos jogos de espelho, nos pintores gêmeos, nas brincadeiras de personificação um do outro, ou na incrível cena em que a câmera "atravessa" a nuca de Turner e focaliza Chass, fazendo um amálgama das faces. Ou ainda no clip Memo From Turner onde Jagger/Turner assume um personagem mafioso.
Um Borges no labirinto de imagens! |
Expectativa 🎸🎸🎸 Realidade 🎸🎸🎸🎸
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