Venus (Espanha, 2022)
Venus é um caso clássico do cinema contemporâneo que, para não ficar preso ou limitado artisticamente a rótulos, faz uma mistura de elementos arriscando um modelo alternativo. O lado bom é que aqui, a mistura funciona bem e o filme se mantém sem perder o fôlego em momento algum. De uma abertura, típica de drama mafioso, como o roubo da droga e a mobilização da gangue, até a reclusão de Lucia, o filme parte para o fantástico nos sombrios corredores do apartamento onde Rocio e sua filha pequena vivem. Quando Rocio desaparece sem deixar recado, Lucia acaba cuidando da menina Alba e a convergência de criminosos, forças sobrenaturais no prédio e um eclipse provocado por misterioso objeto celeste, conduzem o filme (poderiam conduzir) a um epílogo sangrento e explosivo.
Só que nem tudo funciona como deveria e diversas situações não rendem o que se espera. Para um diretor com a carreira de Jaime Balagueró, fica meio difícil perdoar os tropeços e uma certa preguiça imaginativa na potencialmente rica soma de situações e ideias que o filme vai acumulando. Assim, a proposta ao excesso final acaba não se cumprindo plenamente. Faltou o sangue nozóio. Mas sem querer ser rabugento demais, olhando a parte boa, o filme é mais um ponto a favor no simpático currículo do diretor (de Rec) e a articulação entre filme de gangue e horror vai se delineando em um ritmo muito bom, especialmente pelos inserts de humor que pontuam favoravelmente a ação e não interferem na atmosfera macabra.
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