The Last Voyage of the Demeter (EUA, 2023)
Com Corey Hawkins, Liam Cunningham, Aisling Franciosi, Jon Jon Briones, Woody Norman, Javier Botet, David Dastmalchian, Chris Valley.
Melhor spinn-of do mundo? Se a moda pega teremos um monte de produções sobre o que não foi contado em inúmeros clássicos por aí. Já imaginou? O ócio e aventuras de Gollum escondido na montanha. A vida e amores na mulher da banheira do quarto 217. Glaeken, o guardião de O Fortim, teria tido outras missões em sua longa existência? Randolph Carter poderia voltar aos subterrâneos em busca do amigo desaparecido? São muitos, mas pode ser que nenhum se iguale a esta ótima sacada em contar a aventura, ou desventura, do cargueiro Demeter em sua travessia dos Cárpatos para a Inglaterra carregando uma misteriosa carga de caixotes cheios de terra, e mais alguma coisa junto...
Criando um roteiro esforçado para o intervalo narrativo em Dracula, justamente a tal viagem do cargueiro até a Inglaterra, o problema é que a história já é sabida: quem se esconde nos caixotes é o Conde Drácula e todo mundo vai virar ração antes da chegada da embarcação a seu destino. Então o roteiro faz o que pode para inventar conflitos e situações internas para preencher sua narrativa. E o faz muito bem! Apesar das convenções em surpresas, trilha sonora comum, e obviedades diversas (como a presença de Anna, para compor a história dos caixotes e seu dono), o filme cumpre muito bem seu tempo na posição de um terror-pipoca contemporâneo. A maior virtude é mesmo da direção de arte e sua ambientação noturna (o pessoal precisa ficar atento pois o vampiro ataca a cada noite), mas também merece menção o cuidado narrativo em um slow burn, a crescente curva dramática, da suspeita ao desespero, tudo muito bem conduzido pelo norueguês Andre Ovredal.
Interessante que o filme faz uma viagem similar à do próprio Deméter: parte do convencional e corriqueiro filme de aventura marinha, repleta de presságios e desconfiança, para eventos inesperados e cruéis, como o destino do pequeno Tobby e a fuga do cozinheiro, até a escalada dos eventos finais. Tudo temperado por momentos genuinamente apavorantes como as aparições sorrateiras do vampiro pelas sombras do navio. Porém, em uma época em que a febre spinn-of assola a produção pop, fica questionável a opção final em fazer com que o doutor Clemens consiga escapar e se torne um stalker do vampiro quando em terras inglesas, deixando a porta aberta para uma sequência. Precisava disso?... Seja como for, The Last Voyage of the Demeter, é acima da média, é um show visual, é muito atmosférico e deve abrir portas ao diretor no mercado hollywoodiano.
Sequência? Me chama.... |
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