30 de junho de 2024

Zombie

Zombie (Itália, 1979)

Diret Lucio Fulci
Com Tisa Farrow, Ian McCulloch, Richard Johnson, Al Cliver, Auretta Gay, Olga Karlatos, Stefania D'Amario.

Zombie


Nostalgia splatter. Todo mundo já sabe que a coprodução entre Dario Argento e George Romero de 1978, Dawn of Dead circulou pela Europa com o título de Zombie fazendo um baita sucesso e inaugurando a leva de filmes de mortos-vivos que marcou o período. E este Zombie 2 (ou Zombie Flesh Eaters) pegou carona no sucesso do filme de Romero e garantiu seu lugar na história pela simplicidade de trem fantasma e seus abusos gráficos que estigmatizaram o chamado gênero splatter, os filmes que espirravam e deixavam atentos os censores dos video nasties.

Lucio Fulci vinha de uma carreira de bons momentos no pop italiano e assumiu aqui o excesso em explicitação sangrenta que caracterizou seu nome. Zombie é notavelmente B em sua produção, mas configura o mínimo necessário em cinema com seus tempos lentos de expectativa e a generosidade sangrenta nos momentos de ação. A história é uma mixaria: um barco à deriva chega em Nova York e um repórter (Ian McCulloch) investiga o caso junto da filha do dono do barco (Tisa Farrow). A investigação leva a dupla à uma ilha onde um doutor (Richard Johnson) faz seus experimentos e reanima os mortos que passam a atacar os que encontram.

Zombie

Zombie

Dá pra contar nos dedos quantos zumbis aparecem em cena, mas o que importa mesmo aqui é a atmosfera, o clima mortiço, a escrotidão em cinema que faz imergir os sentidos em sua produção miseravelmente apocalíptica. Confira a eficiência das cenas pelos vilarejos, cobertas de poeira ao vento e animais soltos. Confira a pobreza da destruição final com três ou quatro sarrafos em chamas caindo do teto! Zombie é um apocalipse cultural. Sua virtude maior (que garante sua longevidade) é a ótima fotografia que acentua a crueza estética e seus generosos, vigorosos, maravilhosos, chafarizes de sangue que brotam das gargantas do elenco. Alternando esses excessos explícitos a lentidão atmosférica, o filme marcou um turning point na carreira do diretor e da produção no euro-pop. Zombie é o melhor exemplo da gratuidade insana, escatológica e violenta que estigmatizou o descompromisso racional natural ao fantástico. Especialmente o de sua era.

• Cena ícone do gênero: o "empalamento ocular", ainda apavorante!
• Duelo de blockbusters: zumbi X tubarão!
• Momento Hitchcock: Fulci faz o chefe de redação no início.
• Tisa Farrow não ficou na história nem mesmo como scream-queen, em Zombie ela nem fala!

Black Phillip já sabia 🧟🧟🧟🧟

Zombie
Lembra da minha irmã, Mia? Então, eu sou a tia do Bebê de Rosemary.


Nove anos depois, 1988, com a carreira e a saúde abaladas, Fulci entrou na enrascada de fazer uma "sequência" e temos Zombie 3, filho sem pai prejudicado pela saída do diretor antes da finalização e assumido por dois reis do imperdoável, Claudio Fragasso e Bruno Mattei. Pilhando ideias de outros filmes, temos aqui um grupo terrorista que rouba um vírus de um laboratório (como em Travessia de Cassandra) e a contaminação se espalha, tornando os infectados em raivosos zumbis. Um batalhão especial precisa conter a infecção e sitia o local (como em Exército de Extermínio). 

Coproduzido e filmado nas Filipinas, então já sabe, tirando o elenco central de caucasianos o restante de zumbis, transeuntes, autoridades e forças armadas são nativos da região em um hilário choque étnico típico do cinema B (ou C, ou D...). Sem querer comparar, mas inevitavelmente comparando com o anterior, este fiasco fílmico perde de longe simplesmente por não configurar o básico no seu flagrante de encenações desajeitadas. Efeitos tosquíssimos e situações absurdas, como o terrorista infectado se registrando em um hotel ou a cabeça zumbi voadora, diminuem ainda mais a tolerância pelo show. Pelo menos tem sua dinâmica garantida em uma maratona de situações (malucas).

Expectativa 🧟       Realidade 🧟

Zombi 3
... miga, se nem a Tisa Farrow é lembrada...

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