Zombie (Itália, 1979)
Com Tisa Farrow, Ian McCulloch, Richard Johnson, Al Cliver, Auretta Gay, Olga Karlatos, Stefania D'Amario.
Nostalgia splatter. Todo mundo já sabe que a coprodução entre Dario Argento e George Romero de 1978, Dawn of Dead circulou pela Europa com o título de Zombie fazendo um baita sucesso e inaugurando a leva de filmes de mortos-vivos que marcou o período. E este Zombie 2 (ou Zombie Flesh Eaters) pegou carona no sucesso do filme de Romero e garantiu seu lugar na história pela simplicidade de trem fantasma e seus abusos gráficos que estigmatizaram o chamado gênero splatter, os filmes que espirravam e deixavam atentos os censores dos video nasties.
Lucio Fulci vinha de uma carreira de bons momentos no pop italiano e assumiu aqui o excesso em explicitação sangrenta que caracterizou seu nome. Zombie é notavelmente B em sua produção, mas configura o mínimo necessário em cinema com seus tempos lentos de expectativa e a generosidade sangrenta nos momentos de ação. A história é uma mixaria: um barco à deriva chega em Nova York e um repórter (Ian McCulloch) investiga o caso junto da filha do dono do barco (Tisa Farrow). A investigação leva a dupla à uma ilha onde um doutor (Richard Johnson) faz seus experimentos e reanima os mortos que passam a atacar os que encontram.
Dá pra contar nos dedos quantos zumbis aparecem em cena, mas o que importa mesmo aqui é a atmosfera, o clima mortiço, a escrotidão em cinema que faz imergir os sentidos em sua produção miseravelmente apocalíptica. Confira a eficiência das cenas pelos vilarejos, cobertas de poeira ao vento e animais soltos. Confira a pobreza da destruição final com três ou quatro sarrafos em chamas caindo do teto! Zombie é um apocalipse cultural. Sua virtude maior (que garante sua longevidade) é a ótima fotografia que acentua a crueza estética e seus generosos, vigorosos, maravilhosos, chafarizes de sangue que brotam das gargantas do elenco. Alternando esses excessos explícitos a lentidão atmosférica, o filme marcou um turning point na carreira do diretor e da produção no euro-pop. Zombie é o melhor exemplo da gratuidade insana, escatológica e violenta que estigmatizou o descompromisso racional natural ao fantástico. Especialmente o de sua era.
Black Phillip já sabia 🧟🧟🧟🧟
Lembra da minha irmã, Mia? Então, eu sou a tia do Bebê de Rosemary. |
Nove anos depois, 1988, com a carreira e a saúde abaladas, Fulci entrou na enrascada de fazer uma "sequência" e temos Zombie 3, filho sem pai prejudicado pela saída do diretor antes da finalização e assumido por dois reis do imperdoável, Claudio Fragasso e Bruno Mattei. Pilhando ideias de outros filmes, temos aqui um grupo terrorista que rouba um vírus de um laboratório (como em Travessia de Cassandra) e a contaminação se espalha, tornando os infectados em raivosos zumbis. Um batalhão especial precisa conter a infecção e sitia o local (como em Exército de Extermínio).
Coproduzido e filmado nas Filipinas, então já sabe, tirando o elenco central de caucasianos o restante de zumbis, transeuntes, autoridades e forças armadas são nativos da região em um hilário choque étnico típico do cinema B (ou C, ou D...). Sem querer comparar, mas inevitavelmente comparando com o anterior, este fiasco fílmico perde de longe simplesmente por não configurar o básico no seu flagrante de encenações desajeitadas. Efeitos tosquíssimos e situações absurdas, como o terrorista infectado se registrando em um hotel ou a cabeça zumbi voadora, diminuem ainda mais a tolerância pelo show. Pelo menos tem sua dinâmica garantida em uma maratona de situações (malucas).
Expectativa 🧟 Realidade 🧟
... miga, se nem a Tisa Farrow é lembrada... |
Nenhum comentário:
Postar um comentário