Apartamento 7A

Apartment 7A (EUA, 2024)

Diret Natalie Erika James
Com Julia Garner, Dianne Wiest, Kevin McNally, Jim Sturgess, Marli Siu, Tina Gray, Anton Blake Horowitz, Raphel Sowole.

O filme da Rosemary sem a Rosemary. Spinnof legalzinho de O Bebê De Rosemary que sofre com o spoiler pronto.  Para quem já viu o clássico de Polanski fica o incômodo de ver a história da amiga de Rosemary, aquela que conversa com ela na lavanderia e que tem o medalhão com raiz malcheirosa. Terry Gionoffrio (Julia Garner, do comercial da Nespresso com George Clooney) é uma ambiciosa aspirante a dançarina no competitivo mercado novaiorquino. Quando fere o tornozelo entra em declínio, físico e emocional, até que é "adotada" por um simpático casal de terceira idade e levada a morar em um apartamento adjacente ao deles, no sinistro edifício Dakota...

O simpático casal parece ter um apreço especial por jovens desamparadas, sem laços familiares e dispostas a apostar alto por fama e fortuna. Assim, Terry vem a conhecer o produtor musical Alan (também morador no Dakota), com quem se envolve. Grávida de Alan, ela enfrenta o conflito de não ter a criança, que pode interromper sua carreira, e suspeita do crescente interesse do sinistro casal por seu filho. 

Com produção decente e direção segura, Apartment 7A é o tipo de filme que arrisca alto em revisitar terreno clássico, insuperável, cult, divisor de águas, e até que não ficou ruim. Lógico que seria injusto compará-lo ao filme que o origina, mas com a guarda baixa é possível apreciar o trabalho em construção climática e a cuidadosa fotografia sombria. Alguns escorregões duvidosos quase põe o filme a perder, como o entorpecimento de Terry, tratado como um musical golden age, ou detalhes dispensáveis como as garras do casaco de pele. No elenco Julia Garner segura bem o filme com sua figura miúda e frágil e o casal Castevet cumpre sua aura de suspeita simpatia tão bem quanto os originais, especialmente a veterana Dianne Wiest que quase rouba o filme como Minnie. Fica mal, porém, a figura do produtor Alan, pois Jim Sturgess não tem um pingo da figura bad guy de John Cassavetes, e a longa sequência de flerte e namoro no apartamento resulta arrastada e sem a carga de ameaça necessária. Para compensar os deslizes, o filme insere desnecessárias explicitações e visões que o aproximam de um sleazy ligeiro.

• Resumão: Apartment 7A nem é ruim, mas perde obviamente pela lembrança da perfeição do original.

• Explicito desnecessário: o bebê na máquina de lavar.

• Doeu em mim: Terry tendo que repetir o salto de dança, no teste.
• Nostalgia: o encontro final com a sociedade reunida.

• Segundo longa da diretora (Relic), o que nos deixa na torcida pelos próximos trabalhos.

Expectativa 👶👶      Realidade 👶👶👶

Cassavetes, ou Castevet?...