Strange Darling (EUA, 2024)
Voadora no zeitgeist! Em uma época em que a vontade de acreditar é maior do que a checagem das verdades, Strange Darling é um exercício contundente e ousado em surpresas e reversões. Começa com a vítima ferida, fugindo pelo bosque e perseguida pelo macho, armado, tóxico, estúpido e violento (Kyle Gallner, mais ou menos repetindo seu tipo de Carona Aterrorizante). A obviedade da situação é suspeita e as reviravoltas começam a montar um quebra-cabeças desconcertante.
Desenvolvido em capítulos distintos que conduzem (conduziriam) a uma narrativa bastante corriqueira, Strange Darling inova quando embaralha os capítulos de forma a questionar nossas previsões convencionais (mais ou menos como em Pulp Fiction). Então do incômodo e tenso diálogo inicial entre a protagonista e o estranho que oferece carona ("Você é um serial killer?") até as intimidades no quartinho de hotel, o filme traça uma perseguição de estrada onde gato e rato se alternam em nosso julgamento. A moça (sem nome, chamada Lady nos créditos) acaba se mostrando uma desequilibrada e perigosa alma desgarrada pelas estradas e os episódios que vão compondo o filme servem a revelações em camadas, como na fuga do hotel, com Lady totalmente entorpecida, ao encontro com o velho casal hippie em sua paradisíaca moradia florestal. Dirigido com precisão e tensão exemplares o filme é bem mais que um simples thriller sangrento. Em sua estrutura narrativa incomum, coloca à prova nossas expectativas, julgamentos e preconceitos, forçando constantes reconsiderações. Resumindo: Strange Darling parte da expectativa padrão para compor um irônico e polêmico "desempoderamento"!
• Menção honrosa: Barbara Hershey e Ed Begley Jr, como o simpático casal hippie.
Expectativa 👿👿 Realidade 👿👿👿👿
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