The Substance (EUA, 2024)
Com Demi Moore, Margaret Qualley, Dennis Quaid, Gore Abrams, Christian Erikson, Hugo Diego Garcia, Akil Wingate.
Chupa Cronenberg! Drama, sátira e horror em uma embalagem de invejável força narrativa. A Substância é daqueles casos que já nasceu clássico. Conta o drama de Elisabeth Sparkle, ex-mega estrela do cinema e que se dedica a vídeos televisivos de saúde (mais ou menos como fez Jane Fonda), mas mesmo para os vídeos ela já está meio fora de forma e perdendo o brilho (sparkle) e os executivos planejam substituí-la. Quando sofre um acidente de trânsito, é abordada por uma organização secreta que lhe oferece uma substância capaz de produzir uma duplicata rejuvenescida de si mesma!
Mais do que simplesmente servir de ataque a modelos de beleza culturalmente impostos, como seria a primeira visão do filme, A Substância tem como grande vilão o tempo, a consumação irrefreável de processos naturais que ignora vontades, necessidades, conveniências e julgamentos. A cena da estrela na calçada da fama logo na abertura é imediatamente clara nesse sentido. Mas o grande sustento do filme é o embate entre vontades em conflito com uma realidade implacável, inaceitável. Ambientado em um mundo fetichizado de sensualidade asséptica, A Substância escandaliza o olhar do espectador na explicitação da inversão desse mundo plastificado tanto no aspecto físico quanto emocionalmente. O preço que Elisabeth paga é a total distorção de sentidos e o confronto com o inevitável grotesco da biologia adulterada como o qual, mais cedo ou mais tarde, ela terá que se confrontar.
Somando ingredientes genéricos do fantástico, a diretora Fargeat atropela clichês de empoderamento, body horror, drama e insere jumps de humor muito procedentes na receita insana que permeia o filme todo em sua mescla implacável de risível e dramático. Demi Moore sustenta o filme com sua total entrega: ela rola pelo chão, se descabela, fica pelada, sofre e se expõe a extremos, do jeitinho que a premiação com Oscar a-do-ra! E Margareth Qualley se lança como a sex symbol da hora com sua excelência física e expressão de menina perversa. Na questão empoderamento, o filme repete os símbolos do gênero com as mulheres conduzindo a narrativa e os homes como paspalhos inúteis, com destaque a maravilhosa cafagestice de Dennis Quaid como o mega empresário televisivo (papel que deveria ter sido de Ray Liotta).
• Tem semelhanças com O Segundo Rosto.
Expectativa 👄👄👄 Realidade 👄👄👄👄
![]() |
No more Mr. Nice Girl... |
Candidato a um dos melhores da década ou é cedo ainda para avaliar, Guilherme?
ResponderExcluiroi Fernando! Eu curti muito a cara-de-pau anárquica. Cinema B revisitado. Mas acho que vai acabar sim entrando nos "topen topen" em futuras revisões... (Obrigado pela visita e comentário, volte mais vezes!)
Excluir