Talvez deva escrever sempre no presente do indicativo - é uma forma cômoda que evita as armadilhas de estilo. É como se o próprio escrever chegasse atrasado. Os tipos de minha máquina se embaralham todos. Tenho de separá-los e mancho os dedos de tinta. Algum dia escreverei um romance todo no presente - estou cheio de planos.
Diretor temporão. Terror do cultuado Michele Soavi que cumpriu uma notável carreira, infelizmente fora dos eixos temporais da produção italiana. Conta sobre o crescente tormento de Miriam, uma professora de primeiras séries que acidentalmente atinge um andarilho na estrada e assume o socorro à ele. Na insistência do misterioso senhor (o veterano Herbert Lom) em não ser atendido por médicos ela acaba por levá-lo à sua casa para repouso, sem saber que ele lidera uma seita de satanistas.
Adrien's Ladder. Drama e suspense explorando eficientemente a projeção a realidades alternativas. Jack Starks (Adrien Brody) é um fuzileiro em serviço no Irã que, depois de ferido na cabeça, passa por um processo extenuante de recuperação. Os métodos do Dr. Thomas (Kris Kristofferson), responsável pelo seu caso, incluem confinamento e imobilização em uma camisa de força e Jack começa a delirar em realidades paralelas sob ação de drogas. Sua percepção o leva a quinze anos no futuro, quando já deveria estar morto!
Roteiro em Murphy. Terror previsível, mas incrivelmente envolvente em sua ambientação. Paul e Chris são dois irmãos em viagem pelo leste europeu com as namoradas. Juntam-se a eles Michael e a esposa Zoe e quando conhecem o guia Uri este lhes promete uma visita guiada à Prypiat, cidade que fora habitada por trabalhadores de Chernobyl. Com toda a região abandonada depois do famoso desastre com o reator, o grupo pode ter uma excursão incomum às habitações abandonadas há décadas.
Show de imagem. Terror convencional em sua premissa teen, mas que consegue se manter muito bem em seu jogo de suspense e revelações. Dois rapazes, acompanhados de das garotas visitam um espaço na floresta, à beira do lago Bodom, que se tornou uma espécie de atração mórbida depois que jovens foram assassinados no local.
Elena desceu os degraus rumo à escuridão com as pernas bambas. O ronco da IBM do pai enchia o breu cheirando a bolor, de modo que a própria penumbra perecia vibrar como uma corrente elétrica antes da tempestade. Estendeu a mão para a luminária ao lado da máquina e acendeu -a no mesmo instante em que a IBM explodiu em mais uma saraivada de tec-tec-tecs. Deu um grito, depois outro grito , quando viu as teclas se mexendo sozinhas, os tipos de cromo batendo no cilindro preto vazio.
Basket Case high-tech. James Wan voltou aos filmes de terror com este idôneo Malignant, um filme que talvez não corresponda às expectativas, mas que também não faz feio. Nas tentações do mercado acelerado na cultura do click-assiste-e-esquece, o filme mais parece uma confirmação de que o diretor ainda se mantem interessado no terror que o consagrou do que em propor alguma novidade. Malignant explora aquela vertente de "irmão bom, irmão mau", como em Sisters, Basket Case, Inocente Face do Terror, por exemplo, e a atualiza para a pirotecnia digital do cinema moderno.
